Procurador da república Deltan Dallagnol foi o coordenador da força-tarefa até 2020. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 08h20.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2021 às 09h40.
Após sete anos, 79 fases e 174 pessoas condenadas - incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - a operação Lava Jato chegou ao fim na semana passada. E para 69% dos brasileiros, a ação de políticos para barrar o trabalho do Ministério Público Federal (MPF) foi o principal motivo para o encerramento da força-tarefa. Outros 13% acreditam que o fim da operação coincidiu com o fim das investigações, ou seja, não havia mais nada a apurar. Já 15% acreditam que o fim da corrupção no Brasil foi o grande motivo.
Os dados são da pesquisa inédita EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 9 e 11 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
A percepção de que a ação política foi determinante para o fim da Lava Jato é maior quanto mais escolarizadas as pessoas são. Entre os entrevistados com curso superior, 82% acreditam que este foi o principal motivo. Nas classes A e B, esse é o entendimento para 76%. Já para as classes D e E, o fator político foi preponderante para 50%. Apesar de ter acabado, 80% dos entrevistados são favoráveis à continuação dos trabalhos da força-tarefa, e 20% contrários.
“A operação Lava Jato continua amplamente bem avaliada pela população. Quando indagados sobre o conhecimento do fim da operação, aproximadamente 60% desconhecem. O que nos revela que a repercussão do fim da mesma foi tímida comparada a atenção dada durante sua execução”, avalia Maurício Moura, fundador do IDEIA.
De fato, a operação Lava Jato não acabou totalmente, mas perdeu força. A equipe temporária - que precisava de autorização periódica do Procurador-Geral da República para continuar - se tornou um Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além de ser permanente, a diferença é que 10 dos 19 membros não têm mais dedicação exclusiva, acumulando os trabalhos do grupo especial com os da lotação de origem.
A pesquisa EXAME/IDEIA também avaliou a gestão do presidente Jair Bolsonaro. Do total de entrevistados, 27% aprovam a maneira do presidente trabalhar. O percentual indica uma ligeira queda desde a última pesquisa EXAME/IDEIA do fim de janeiro, quando estava em 29%. A oscilação é dentro da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais, portanto é considerada estável.
A desaprovação passou de 42% para 44%. Aqueles que nem aprovam nem desaprovam eram 24% na última pesquisa, e agora somam 26%.
“A avaliação do presidente Jair Bolsonaro segue estável, oscilando na margem de erro. É importante notar a vulnerabilidade que se apresenta no Nordeste, com 21% de aprovação e 46% de desaprovação. O efeito do fim do auxílio certamente já foi sentido nesta região”, diz Maurício Moura.
Em uma outra questão da pesquisa, em que é abordado o auxílio emergencial, 48% acreditam que o benefício será concedido novamente. Entre os entrevistados, 66% esperam que o pagamento volte neste semestre.
Em entrevista a Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), dentro programa BTG Atualidades, na quinta-feira, 11, o ministro da Economia, Paulo Guedes disse que o governo federal só pode conceder um novo auxílio emergencial, caso o Congresso Nacional aprove um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) de guerra, como foi feito na primeira liberação para combater a covid-19, no começo de 2020.
Para ele, o benefício deve diminuir com o aumento da vacinação. “Teremos duas curvas: uma de vacinação em massa, subindo para imunizar a população, enquanto as camadas protetivas que eram 600 reais, caíram para 300, podem descer para 250 reais e depois aterrissar de novo no programa Bolsa Família”, disse Guedes.
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