Brasil

EXAME/IDEIA: para 58%, maior acesso a armas aumenta a violência no Brasil

Nova rodada da pesquisa EXAME/IDEIA mostra que a pauta armamentista reflete a polarização política no país. Ampla maioria dos apoiadores do presidente Bolsonaro defende o direito à posse de armas, ante os que os desaprovam o trabalho do governo

Posse de armas legalizadas: segundo pesquisa EXAME/IDEIA, 51% dos homens apoiam a medida, ante 36% das mulheres (Pilar Olivares/Reuters)

Posse de armas legalizadas: segundo pesquisa EXAME/IDEIA, 51% dos homens apoiam a medida, ante 36% das mulheres (Pilar Olivares/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 27 de fevereiro de 2021 às 13h21.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2021 às 13h22.

Em meados de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro editou quatro decretos que facilitam o acesso a armas e munições. A pauta armamentista, que tem forte apelo entre os apoiadores do presidente, divide as opiniões na população em geral, mas para a maioria, 58% dos brasileiros, o maior acesso às armas irá aumentar a violência no Brasil.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 22 e 24 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.

 

"É majoritária a sensação dos entrevistados que a violência vai aumentar com as medidas apresentadas pelo governo federal", diz Maurício Moura, fundador do IDEIA, instituto especializado em opinião púbica.

Os grupos com maior expectativa de aumento da violência são o das mulheres (66%), dos que têm mais de 45 anos (61%), dos que moram no Norte (64%) e dos que vivem no Sudeste (625). Entre os que avaliam o governo como ruim ou péssimo, 81% esperam mais violência com os novos decretos.

A pesquisa EXAME/IDEIA identificou que as medidas de flexibilização das armas são de amplo conhecimento dos brasileiros: 59% dos entrevistados responderam saber das novas medidas. O tema desperta mais interesse das pessoas que outros assuntos em evidência na pauta política do país. Na rodada anterior da pesquisa, publicada em 12 de fevereiro, por exemplo, 41% não sabiam do fim das operações Lava Jato e 53% desconheciam quem são os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

"Os mais firmes apoiadores das medidas são os homens, os com idade entre 25 e 34 anos, os que pertencem às classes A e B, os que moram no Centro-Oeste e os que avaliam mais positivamente o governo federal", diz Moura.

A posse de armas também divide as opiniões. Enquanto 51% dos homens são favoráveis a ideia de que ter uma arma legalizada deveria ser um direito do cidadão para se defender, 64% das mulheres acreditam que a posse de armas deve ser proibida, pois representa ameaça à vida de outras pessoas.

O assunto reflete a polarização política no país: entre os que consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, 76% defendem o direito à posse de armas para defesa pessoal, ante 19% dos que desaprovam a atuação do governo.

68% das pessoas de baixa renda acreditam que a posse deveria ser proibida, ante 50% dos que pertencem às classes A e B.

 

Aprovação X Desaprovação do governo

A pesquisa EXAME/IDEIA mediu também a avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre os entrevistados, 31% aprovam a sua gestão. O número representa uma alta de 4%, em relação à última pesquisa, e está um ponto acima da margem de erro. Já os que desaprovam o governo Bolsonaro somam 41%, e 24% nem aprovam ou desaprovam.

De acordo com Maurício Moura, do IDEIA, a recente troca no comando da Petrobras - que deve permitir a intervenção no preço dos combustíveis - e publicação de decretos que ampliaram o acesso a armas contribuíram para este aumento na validação da maneira como Bolsonaro trabalha.

Acompanhe tudo sobre:ArmasCongressoEXAME/IDEIAJair BolsonaroOperação Lava Jato

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022