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EXAME/IDEIA: Para 41%, privatização dos Correios tem que sair

Brasileiros também se dizem favoráveis à desestatização da EBC, enquanto a capitalização da Eletrobras divide opiniões

Unidade dos Correios no Rio de Janeiro: brasileiros são favoráveis à privatização da estatal (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Unidade dos Correios no Rio de Janeiro: brasileiros são favoráveis à privatização da estatal (Tomaz Silva/Agência Brasil)

CA

Carla Aranha

Publicado em 16 de março de 2021 às 08h51.

Última atualização em 17 de março de 2021 às 11h08.

No final do mês passado, a pauta das privatizações, uma das principais bandeiras do governo, voltou a ocupar os holofotes com o envio ao Congresso do projeto de lei que abre caminho para a venda dos Correios e a medida provisória sobre a desestatização da Eletrobras. O tema, no entanto, divide opiniões. As exceções são a privatização dos Correios, apoiada por 41% dos brasileiros, e de estatais como a Empresa Brasil de Comunicações (EBC), uma das 19 empresas públicas sustentas pelos cofres públicos.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre os dias 8 e 10 de março A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.

"Ao longo dos anos, tem aumento o número de brasileiros que são favoráveis às privatizações, em grande parte em função de escândalos de corrupão como o petrolão, envolvendo a Petrobras, e o mensalão, com os Correios em seu epicentro", avalia Maurício Moura, fundador do IDEIA. "Mesmo assim, o tema continua polêmico, por uma série de motivos que vão do corporativismo do funcionalismo até a preocupação que certas estatais poderão perder o objetivo social".

Esse temor especialmente preponderamente em relação a bancos públicos como a Caixa Econômica Federal, que pratica juros de financiamento da compra de imóveis menores do que aqueles do mercado em geral. A privatização da Caixa sofre a maior rejeição dos brasileiros, entre as dez estatais analisadas na pesquisa: 44% são contra a desestatização, enquanto 21% se dizem a favor e 21% não souberam responder.

O quadro muda de figura, no entanto, quando se trata da privatização dos Correios. Nesse caso, 41% consideram a venda da estatal uma medida adequada, diante de 31% que são contrários à proposta.

Os brasileiros também se dizem favoráveis à desestatização da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), prevista para entrar no programa de privatização do governo este ano: 31% gostariam que a estatal fosse vendida, contra 19% que disseram desconhecer a empresa e 27% contrários à desestatização. A EBC recebeu cerca de 500 milhões de reais em subvenções do Tesouro Nacional em 2019, o que corresponde a 70% da necessidade de recursos da empresa para se manter.

A pesquisa mostra que, em geral, os brasileiros com maior escolaridade e renda costumam ser mais favoráveis às privatizações. No caso dos Correios, 49% das pessoas com ensino superior e 54% daqueles que ganham mais de cinco salários mínimos defendem a venda da empresa.

Em relação a Eletrobras, em que houve um empate técnico, com 34% a favor da privatização e 35% contra, a região Norte, sede da Eletronorte, se revela mais contrária à capitalização da estatal do que outras partes do país. Para 32% dos moradores do Norte, a Eletrobras deveria ser privatizada, opinião compartilhada por 40% dos que residem na região Sul e 37% do Sudeste. "De modo geral, há uma certa preocupação de que, uma vez privatizadas, as grandes estatais poderão focar só no lucro e deixar de atender adequadamente a população que mora longe dos grandes centros", diz Moura.

 

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