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EXAME/IDEIA: 46% preferem a urna eletrônica; 31%, o voto impresso

Há em debate no Congresso Nacional um projeto que inclui o voto impresso como complementar à urna eletrônica

Urna eletrônica foi usada pela primeira vez em 1996. (Ueslei Marcelino/Reuters)

Urna eletrônica foi usada pela primeira vez em 1996. (Ueslei Marcelino/Reuters)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 26 de maio de 2021 às 07h00.

Utilizada pela primeira vez nas eleições municipais de 1996, a urna eletrônica completa 25 anos. E atualmente há um debate no Congresso Nacional para que a urna imprima uma versão em papel do voto, para que possa ser auditável em caso de necessidade. Entre os eleitores, 46% preferem o voto eletrônico, e 31% o impresso. Outros 7% dizem que não sabe, e 16% dizem que tanto faz qual a forma do voto.

É o que mostra a mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.243 pessoas entre os dias 17 e 20 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. Confira a pesquisa completa.

Na avaliação de Maurício Moura, fundador do IDEIA, ao longo dos anos houve um aumento na descrença do brasileiro em relação ao voto eletrônico, sobretudo após a vitória do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. Entre os que aprovam o governo, 56% preferem o voto impresso, e 26% a urna eletrônica.

“Obviamente que a pesquisa mostra que isso tem uma correlação enorme com apoiar e avaliar positivamente o presidente Bolsonaro. Os apoiadores dele são os que massivamente acreditam no voto impresso. E essa é uma discussão muito relevante porque coloca em xeque a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro”, diz.

Há duas semanas, durante um evento do Palácio do Planalto, o presidente voltou a defender o voto impresso. "Se o Parlamento promulgar, teremos voto impresso em 2022. Ninguém passará por cima da decisão do Parlamento brasileiro. Chega de sermos atropelados", disse.

Outro dado da pesquisa mostra que quanto maior a escolaridade, maior é a preferência pela urna eletrônica. Entre as pessoas com ensino superior, 58% preferem a eleição eletrônica, e 25% a impressa. Na parcela da população com o ensino fundamental, 37% preferem o voto eletrônico, e 35% o impresso.

A pesquisa EXAME/IDEIA também questionou os eleitores sobre a confiança na urna eletrônica. Entre aqueles que responderam à sondagem, 30% dizem que confiam muito, 35% confiam pouco, 25% dizem que não confiam, e 9% não sabem.

Proposta de voto impresso

Está em debate na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), que implementa o voto impresso. Mas a ideia do texto é para que ao registrar o voto eletrônico, haja uma impressão, em papel, e que este documento seja depositado em uma urna física. Caso haja necessidade de auditar, pode ser feita tanto pelo meio digital quanto pelo meio físico.

O Congresso Nacional já aprovou outras leis na mesma linha, em 2009 e em 2015,  mas foram consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, revogadas por uma nova lei ou vetadas pela presidência. Os argumentos apontavam para o risco ao sigilo do voto ou o custo das impressões, por exemplo.

Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que acredita no sistema de votação atual, e que ele se mostra seguro, mas que “não se pode submeter o Brasil a uma eleição em 2022 e que seu resultado possa ser questionado”.

“O que acertamos ali [no Congresso] é que vamos abrir o debate. Tem deputado de esquerda, de direita, de centro. Há pessoas com perfil mais conservador e outras mais progressistas. Eu me comprometi a abrir a pauta para todos os temas. Não se pode tolher a discussão”, disse.

Na próxima quinta-feira, 27, a comissão especial, criada para analisar o tema, realiza mais uma audiência pública. Desta vez participam o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos de Almeida Camargo, e o especialista em Direito Eleitoral Daniel Falcão.


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