Bendine: foi preso em regime temporário por cinco dias no dia 27, na Operação Cobra, desdobramento da Lava Jato (Sergio Moraes/Reuters)
Ana Laura Prado
Publicado em 27 de julho de 2017 às 07h27.
Última atualização em 27 de julho de 2017 às 11h06.
São Paulo - O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira no âmbito da 42ª fase da Operação Lava Jato.
O executivo foi preso preventivamente em Sorocaba (SP) e é um dos alvos principais da atual fase da Operação, batizada de Cobra. Ele é acusado de ter recebido R$ 3 milhões em propina da construtora Odebrecht enquanto estava na presidência da petroleira, cargo que ocupou entre fevereiro de 2015 e maio de 2016.
Ao todo, a Polícia cumpre três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão. Os outros alvos são operadores financeiros suspeitos de terem feito as propinas pagas em favor do executivo.
Segundo investigações do Ministério Público Federal, Bendine também teria feito um pedido de R$ 17 milhões em propina enquanto ainda estava à frente do Banco do Brasil, que presidiu entre abril de 2009 e fevereiro de 2015.
O valor teria sido solicitado para a viabilização da rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. Em delação premiada, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da empreiteira, afirmaram que o pagamento foi negado pela conclusão de que Bendine não seria capaz de influenciar no contrato de financiamento do Banco.
Segundo o MPF, provas também apontam que o executivo, em conjunto com de seus operadores financeiros, fez um novo pedido de propina à construtora pouco antes de assumir a presidência da Petrobras em fevereiro de 2015. O valor teria sido solicitado para que a Odebrecht não fosse prejudicada na petroleira.
A Operação teve início a partir da colaboração premiada dos executivos da empreiteira. O nome da fase, Cobra, faz referência ao apelido dado a Bendine nas planilhas de pagamento de propina apreendidas na Odebrecht.
Em nota, o advogado do ex-presidente do BB e da Petrobras, Pierpaolo Bottini, afirmou que Bendine se colocou à disposição de esclarecimentos desde o início das investigações, oferecendo dados fiscais e bancários para comprovar a regularidade de suas atividades.
O advogado também considera desnecessária a prisão cautelar do executivo "por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça".