O então prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, fala durante reunião sobre concessões das principais rodovias estaduais e federais que cortam o Estado do Rio de Janeiro em foto de 2020 (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 4 de julho de 2024 às 11h53.
Alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira, 4, o secretário estadual de Transportes do Rio e ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), foi um dos beneficiários do suposto esquema de fraudes no cartão de vacinas contra a Covid-19, segundo a Polícia Federal (PF). O nome dele consta no relatório da PF que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro; o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do secretário; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em março.
Ele está no foco da investigação da segunda fase da Operação Venire, deflagrada hoje, enquanto Bolsonaro e seus aliados foram alvos da primeira etapa. Segundo a PF, o objeto desta ação é identificar novos beneficiários do esquema.
Washington Reis era prefeito de Duque Caxias, município da Baixada Fluminense, que serviu como base para a inserção de dados falsos nas cadernetas de vacinação de Bolsonaro, Cid e da família Reis.
Segundo a PF, os registros fraudulentos nos sistemas do Ministério da Saúde eram feitos pelo então secretário municipal de governo de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, que foi nomeado ao cargo por Washington Reis. Além de prefeito, o secretário também já foi vereador, deputado estadual três vezes e deputado federal por dois mandatos.
"Washington Reis de Oliveira teve um registro de vacinação em seu nome incluído por João Carlos de Souza Brecha no dia 19/01/2022", diz o relatório da PF.
A PF interceptou a mensagem de uma servidora do município, enviando a ficha de vacinação de Reis acompanhada de um emoticon de uma boca fechada com zíper - o que indica segredo.
Outro alvo desta quinta-feira foi a secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano. Conforme o relatório da PF, ela teria convencido uma pessoa identificada como Theo a fornecer a senha para o acesso aos dois sistemas do Ministério da Saúde que computam as doses de vacina contra a Covid-19. Serrano foi uma das indiciadas pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos, em março.
"Os dados descritos no Relatório de Análise evidenciou que há fortes elementos indiciários de que Claudia Helena (a servidora) e Celia Serrano da Silva atuaram na inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefícios de várias pessoas", diz o relatório.
A defesa de Bolsonaro sempre negou irregularidades no suposto esquema das vacinas.