Brasil

Ex-ministros da Saúde lançam manifesto contra política de Bolsonaro

Grupo é contra mudanças nas leis de trânsito, como dispensa do uso de cadeirinhas, alteração no limite de velocidade e número de pontos para ter CNH cassada

Ministério da Saúde: ex-ministros são contra políticas de Bolsonaro no setor (Ministério da Saúde/Divulgação)

Ministério da Saúde: ex-ministros são contra políticas de Bolsonaro no setor (Ministério da Saúde/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de agosto de 2019 às 15h19.

Última atualização em 5 de agosto de 2019 às 15h21.

Seis ex-ministros da Saúde divulgam nesta segunda-feira, 5, um manifesto em que alertam para o risco de retrocesso no setor. Para eles, políticas de saúde estão sendo desconstruídas, sem que o Ministério da Saúde ou o parlamento sejam ouvidos.

Entre as medidas citadas pelo grupo estão as propostas feitas pelo governo de Jair Bolsonaro para as mudanças nas regras de lei de trânsito, como a dispensa do uso de cadeirinhas para bebês, a alteração no limite de velocidade nas estradas e ainda o número de pontos para ter a carteira de habilitação cassada — sugestões que podem trazer um aumento dos acidentes envolvendo veículos.

No documento de cinco páginas, os ex-ministros listam ainda as restrições de políticas voltadas para direitos sexuais e reprodutivos, as mudanças no estatuto do desarmamento, a liberação sem critério de agrotóxicos e pesticidas.

Foram citadas também propostas para a redução do preço do cigarro, que poderia fragilizar a política de prevenção contra o tabagismo e também o incentivo fiscal para indústria de refrigerantes, que poderá trazer um impacto nos indicadores de obesidade do País.

Assinada pelos ex-ministros Humberto Costa, José Saraiva Felipe, José Agenor Alvarez da Silva, José Gomes Temporão, Alexandre Padilha e Arthur Chioro, a carta adverte também para retrocessos de normas de segurança do trabalho, ataques ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o contingenciamento da educação pública e da ciência e a nova política de drogas, que dá prioridade à abstinência e às comunidades terapêuticas. Essa última alteração, no entanto, foi aprovada no Congresso.

O manifesto, que será apresentado nesta segunda-feira durante um ato em Defesa do SUS programado para 17 horas na Esplanada dos Ministérios, argumenta que nenhum sistema universal tem investimentos públicos tão baixos quanto o brasileiro e que, apesar das restrições orçamentárias, o SUS é responsável por inúmeros avanços, como a redução da mortalidade infantil.

O grupo observa que, embora a melhora seja inegável, está em curso uma política para o aprofundamento dos cortes dos gastos sociais e uma desvalorização das políticas universais, que podem fragilizar o SUS.

"É preciso, mais do que nunca, fortalecer e ampliar a participação social na formulação, acompanhamento e fiscalização das políticas de saúde em todas as esferas de governo. Respeitar e implementar as decisões das conferências e dos conselhos de saúde, aprimorando e garantindo a democratização do Estado e a participação cidadã é fundamental para os destinos do SUS e do País", afirmam os ex-ministros.

A carta dos ex-ministros da Saúde se soma a outras iniciativas semelhantes, realizadas por ex-ministros de outras áreas, todas alertando para retrocessos na condução de políticas setoriais. Em maio, ex-ministros do Meio Ambiente divulgaram documento alertando para desmonte do setor.

Em junho, foi a vez de ex- ministros da Educação, que pediam por recursos e garantia da autonomia universitária. No mesmo mês, ex-ministros da Justiça, também divulgaram um documento em que protestaram contra as mudanças que permitiam maior acesso a armas de fogo. Mês passado ex-ministros de Ciência e Tecnologia fizeram um manifesto contra cortes e retrocessos no setor.

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroMinistério da SaúdeSaúde

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'