Aedes aegypti, mosquito transmissor do zika vírus (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 21h49.
Quito - O diretor-executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags), o brasileiro José Gomes Temporão, afirmou nesta quarta-feira que seria "praticamente impossível" conseguir "antes de dois ou três anos" uma vacina para sua utilização em massa contra o zika vírus.
Temporão fez estas considerações em Quito, capital do Equador, depois de se reunir na sede da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) com seu secretário-geral, Ernesto Samper, com quem abordou a agenda do organismo em matéria de saúde pública.
O ex-ministro de Saúde disse a jornalistas que a vacina contra este vírus, do qual já se detectaram casos em 10 dos 12 países da América do Sul, poderia basear-se na que existe para combater a dengue, produzida por uma empresa francesa.
Temporão, no entanto, ressaltou que o desenvolvimento de uma vacina, até sua chegada ao mercado, costuma demorar entre cinco e dez anos, razão pela qual, inclusive na perspectiva mais otimista e partindo da base da que existe contra a dengue, em pelo menos dois ou três anos esse remédio não estará disponível.
O secretário-geral da Unasul, o ex-presidente colombiano Samper, indicou que na reunião realizada hoje sob os auspícios do Mercosul sobre o zika vírus no Uruguai se acolheu uma das propostas da Unasul e do Isags para o combate à doença, que consiste na elaboração de um protocolo sul-americano.
Esse protocolo, acrescentou, reunirá "as experiências que a Unasul tem em relação com o manejo da dengue, do vírus chicungunha e desta nova novidade do zika vírus para encontrar similitudes de tratamento entre as três doenças, em suas formas de manejo" e nas possíveis estratégias para combatê-las.
Para Temporão, a propagação de zika representa um desafio do ponto de vista científico, epidemiológico e do enfoque de seu tratamento, em particular nos casos de microcefalia que, segundo alertaram organismos de saúde, podem ocorrer quando uma grávida contrai o vírus nas primeiras semanas de gestação.
Este cenário vai representar "um peso do ponto de vista emocional, afetivo, que impactará profundamente nestas mulheres e nestas famílias" com crianças afetadas pela microcefalia, disse o especialista brasileiro.
Por fim, Temporão acrescentou que também "impactará profundamente na sociedade, porque são crianças que necessitarão de um atendimento muito complexo, multiprofissional, muito especializado, muito caro", recursos que "em muitos de nossos municípios não estão disponíveis hoje".