Refinaria da Petrobras em Pasadena: é a primeira vez que um executivo da Diretoria Internacional admite propina no polêmico negócio que causou prejuízo de US$ 792 milhões (Agência Petrobras / Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2015 às 14h28.
São Paulo - O ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobras e novo delator da Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, afirmou à força tarefa da Lava Jato que a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, foi uma das operações da estatal onde ocorreu o pagamento de propinas no esquema de corrupção da Petrobras.
"O tema de pagamento de propina foi apresentado ao declarante por Luis Carlos Moreira; que mostrou uma planilha de divisão de propinas da área Internacional da Petrobras e que nesta planilha estava Pasadena, Petrobras 10.000 e Vitória 10.000 (dois navios-sonda contratados pela estatal)", relatou o delator sem dar mais detalhes sobre como foi a propina na polêmica refinaria.
É a primeira vez que um executivo da Diretoria Internacional, área que atuou diretamente na compra da refinaria em 2006, admite propina no polêmico negócio que causou, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), prejuízo de US$ 792 milhões.
Até então, somente o ex-diretor de Abastecimento e também delator Paulo Roberto Costa, havia mencionado a propina envolvendo o negócio. Costa afirmou, sem dar mais detalhes, que a propina neste negócio poderia ter chegado a US$ 30 milhões, e disse que recebeu US$ 1,5 milhão para "não atrapalhar" a compra.
O negócio foi aprovado pelo conselho de administração da estatal brasileira, à época presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, a hoje presidente da República Dilma Rousseff. Dilma diz que só aprovou a compra porque o conselho recebeu um resumo técnico "falho" e "incompleto" sobre a aquisição.
Navios-sonda
Das três obras que o delator citou em seu depoimento, apenas o caso de Pasadena não virou alvo de ação na Justiça no âmbito da Lava Jato.
A propina envolvendo os dois navios-sonda citados por Eduardo Musa já foi alvo de denúncia da Lava Jato que levou à condenação de 12 anos e três meses de prisão para o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e a 16 anos de prisão para um dos lobistas que teria operado propina para o PMDB, Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Na sentença, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na Justiça Federal no Paraná, afirmou que ficaram comprovados o pagamento de US$ 54 milhões em propina para Cerveró e Baiano.
Nesta mesma ação, o delator Júlio Camargo afirmou ter sido pressionado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a lhe pagar US$ 5 milhões em propina referentes aos navios-sonda.
O caso deu origem a uma denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o parlamentar por corrupção e lavagem de dinheiro perante o Supremo Tribunal Federal.