Luiz Fernando Pezão: "Posso dizer que isso aconteceu principalmente na obra do metrô, a principal do governo" (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 08h50.
Rio - O ex-executivo Leandro Andrade Azevedo, ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio, afirmou em delação que pagamentos de caixa 2 feitos ao governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na campanha de 2014 foram para manter o "acesso privilegiado" que a empreiteira já tinha ao governo do antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
Os pagamentos da empreiteira, segundo ele, resultaram em um Pezão "muito acessível" para ajudar na liberação de recursos à empresa por obras no Rio.
"Pezão, por diversas vezes, interveio pessoalmente para resolver questões que atendiam ao interesse da companhia. Posso dizer que isso aconteceu principalmente na obra do metrô, a principal do governo", relatou o ex-executivo.
Detalhes sobre a delação foram revelados pela coluna Radar, da revista Veja, no sábado, e confirmados pelo jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao teor de alguns dos anexos negociados pelo colaborador com o Ministério Público Federal.
Conforme e revista, a empresa desembolsou R$ 23,6 milhões e 800 mil euros à campanha de Pezão. Os valores foram pagos à agência Prole, que cuidava de publicidade eleitoral, em espécie e também numa conta no exterior.
"Pezão, como governador, me recebia a qualquer hora, tendo inclusive me recebido algumas vezes em sua residência, no Leblon, para tratar de assuntos que diziam respeito ao dia a dia das obras, especialmente, buscando a sua interferência nos atrasos de pagamento", afirmou o ex-executivo.
Pezão disse nesta segunda-feira, 12, que não teme os depoimentos de executivos e ex-executivos da Odebrecht. "Não tenho nada a temer. Tive minhas contas já aprovadas pela Justiça eleitoral", afirmou o governador, após participar de reunião sobre a crise fiscal com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), no Rio.
O governador declarou que esta não é a primeira vez que seu nome é citado em delações premiadas. "Espero que venha oficialmente, como veio a delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto (Costa, um dos primeiros delatores da Lava Jato), em que a própria Polícia Federal já pediu o arquivamento e viu que não procedia", disse o peemedebista.
Pezão confirmou as duas reuniões mencionadas. Uma delas, em sua casa, tratou da finalização das obras do Metrô do Rio. A segunda tratou da concessão do Maracanã à iniciativa privada - a Odebrecht era sócia do consórcio operador.
Ele, no entanto, negou qualquer irregularidade. "Devemos tomar cuidado com a seletividade dessas delações", disse Pezão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.