O deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) (Youtube/Reprodução)
Talita Abrantes
Publicado em 3 de junho de 2017 às 08h15.
Última atualização em 3 de junho de 2017 às 12h26.
São Paulo - A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã deste sábado, 3 de junho, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Neste momento, o ex-deputado se encontra na Superintendência Regional da PF em Brasília (DF) e deve ser transferido na segunda para a ala federal do presídio da Papuda. Ele estava com a mulher, grávida de 8 meses quando foi detido.
Rocha Loures, que é ex-assessor do presidente Michel Temer, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram gravados pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em negociação de pagamento de propina. Depois, ambos foram alvos de ações controladas pela Procuradoria-Geral da República.
Loures foi filmado pela PF carregando uma mala entregue por um executivo da JBS com 500 mil reais em dinheiro em março deste ano em São Paulo. Segundo depoimento dos executivos da JBS, o dinheiro repassado para o peemedebista era parte do pagamento de um acordo de propina.
A prisão de Rocha Loures havia sido pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato. A captura de Rocha Loures foi negada por Fachin. O ministro do STF havia alegado a imunidade parlamentar de Rocha Loures para não autorizar a prisão.
O ex-assessor de Temer havia assumido o mandato de deputado federal no lugar de Osmar Serraglio (PMDB-PR) que foi ao Ministério da Justiça. Após ser deposto da Justiça, Serraglio decidiu recusar a oferta de Temer para virar ministro da Transparência e reassumir o seu mandato.
Após Rocha Loures perder a prerrogativa do foro privilegiado, já que Osmar Serraglio havia voltado à Câmara, Janot, então, pediu a reconsideração da prisão do aliado de Temer.
Na semana passada, Janot já havia pedido para Fachin reconsiderar a decisão tanto relativa a Rocha Loures quanto ao senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Para o procurador-geral da República, a prisão dos dois é “imprescindível” para garantia da ordem pública e instrução criminal, diante de fatos gravíssimos que teriam sido cometidos pelos parlamentares.
O empresário Joesley Batista, do grupo J&F (que controla a JBS), afirma que teria pedido ajuda ao ex-deputado para resolver uma disputa no Cade entre a Petrobras e a Usina Termelétrica EPE, que pertence à J&F. Segundo Batista, a empresa perdia cerca de 1 milhão de reais por dia com os preços do gás fornecido pela estatal à termelétrica.
Segundo o empresário, o indicado por Temer ligou em seguida para o presidente em exercício do Cade, Gilvandro Araújo. Não há evidências de que o pedido tenha sido atendido. De qualquer forma, ficou acertado o pagamento de 500 mil reais semanais por 20 anos em propina pelos serviços prestados.
A primeira parcela do pagamento foi entregue em uma mala para Loures em uma pizzaria no Jardim Paulista, em São Paulo. A entrega do dinheiro foi filmada pela Polícia Federal.
*Com Estadão Conteúdo