Brasil

Ex-chefe do DOI-Codi é denunciado por homicídio

Audir Santos Maciel foi denunciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação do cadáver do militante político José Montenegro de Lima há 40 anos

Memória: "é lamentável que o Exército fique impondo obstáculos às investigações" (Paulo Pinto / Fotos Públicas)

Memória: "é lamentável que o Exército fique impondo obstáculos às investigações" (Paulo Pinto / Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 09h04.

São Paulo – O Ministério Público Federal denunciou o ex-chefe do DOI-Codi (Destacamento de Operações Internas) Audir Santos Maciel por homicídio duplamente qualificado e ocultação do cadáver do militante político José Montenegro de Lima há 40 anos. A vítima, conhecida como Magrão, foi assassinada em 29 de setembro de 1975 com uma injeção destinada ao sacrifício de cavalos.

O corpo do militante foi atirado nas águas do Rio Novo, em Avaré, interior de São Paulo, e nunca foi encontrado, segundo a denúncia. O DOI-Codi, atrelado à estrutura do antigo II Exército, em São Paulo, ficou célebre como o núcleo de torturas da repressão.

José Montenegro de Lima era membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCB). À época do crime, ele havia recebido do partido US$ 60 mil para montar uma estrutura de produção alternativa do jornal Voz Operária, veículo oficial da legenda, visto que as gráficas do periódico no Rio e em São Paulo haviam sido desmanteladas pelos órgãos de repressão, segundo o Ministério Público Federal.

A Procuradoria afirma que "por terem sido cometidos em contexto de ataque sistemático e generalizado à população, em razão da ditadura militar brasileira, os delitos denunciados são qualificados como crimes contra a humanidade, sendo portanto, imprescritíveis e impassíveis de anistia".

Depoimentos colhidos pelo MPF revelam que, para além da motivação política, a morte do militante teve "incentivo financeiro". Segundo o ex-agente do regime militar Marival Chaves Dias do Canto, o DOI-Codi soube da quantia entregue a José Montenegro de Lima.

"Por isso, uma equipe o prendeu e o matou para posteriormente ir à sua casa pegar o dinheiro. Os US$ 60 mil foram rateados entre a cúpula do Destacamento", acusa a Procuradoria.

A pena prevista de Audir varia entre 12 e 30 anos de reclusão. A defesa do ex-chefe do DOI-Codi não foi localizada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:DitaduraGolpe de 1964

Mais de Brasil

Governo publica decreto com regras sobre uso da força por policiais; veja pontos

Queda de ponte: caminhões despejaram 76 toneladas de ácido sulfúrico no Rio Tocantins, diz ANA

Daniel Silveira vai passar por audiência de custódia ainda nesta terça-feira, véspera de Natal

Daniel Silveira é preso pela PF no Rio após descumprir medidas judiciais