Temer: "nas negociações para o acordo comercial entre a UE e Mercosul não inclua governos que não contenham o respaldo dos cidadãos" (Adriano Machado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2016 às 15h45.
Bruxelas - Os eurodeputados do Podemos Xabier Benito e Miguel Urbán pediram nesta quinta-feira à União Europeia (UE) que não reconheça a legitimidade do "governo golpista" que substituirá a presidente brasileira Dilma Rousseff e que suspenda as relações políticas e econômicas com o país.
Urbán, membro da Comissão de Relações Exteriores do parlamento Europeu (PE), e Benito, primeiro vice-presidente da Delegação para as Relações com Mercosul, denunciaram em comunicado o "golpe parlamentar" do qual, na sua opinião, foram alvo Dilma e os cidadãos brasileiros.
"Nem desde o governo do Estado espanhol, nem desde o parlamento e a Comissão Europeia (CE) se deve legitimar o novo governo", declarou Urbán, que pediu a "cessação imediata de qualquer relação comercial ou política até que seja restabelecida a legalidade e vontade das urnas".
Benito solicitou, além disso, que "nas negociações para o acordo comercial entre a UE e Mercosul não inclua governos que não contenham o respaldo dos cidadãos".
O Mercosul é integrado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e a eles se incorporou posteriormente a Venezuela, que ainda não participa da negociação do acordo de associação com a UE, enquanto a Bolívia está em processo de adesão.
"Não podemos permitir que as elites utilizem estes golpes de Estado 'brandos' para aplacar os cidadãos e passar por cima da vontade democrática", disse Urbán.
Os dois eurodeputados pediram em uma pergunta parlamentar dirigida à alta representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini, uma avaliação do processo e um plano de medidas a respeito.
Além disso, lembraram à Comissão Europeia a existência de um relatório do Senado brasileiro que "desculpava Dilma das acusações por manobras fiscais"
O Senado brasileiro aprovou na quarta-feira por grande maioria o impeachment da presidente Dilma, acusada de "crimes de responsabilidade".