(Leonardo Benassatto/Reuters)
Valéria Bretas
Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 16h17.
Última atualização em 26 de janeiro de 2018 às 16h37.
São Paulo – A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) abriu caminho para outros candidatos nas eleições presidenciais deste ano. De acordo com a consultoria de análise política e econômica Eurasia, nesse cenário, as chances de um candidato amigável ao mercado, como Geraldo Alckmin (PSDB), chegar no segundo turno aumentaram.
Mas isso não significa que o caminho será fácil. "Essa eleição será caracterizada por muitos riscos quando se trata da chance de se eleger um presidente que consiga realizar reformas fiscais", diz a análise.
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) também se firma como um personagem competitivo com a saída de Lula. "Bolsonaro não é um candidato anti-Lula. Ele é o candidato anti establishment. Certamente ele terá fortes pontos negativos em qualquer cenário de segundo turno, então as chances de ele vencer não são altas. Ainda assim, ele é um candidato forte", diz o texto.
A Eurasia destaca outros dois nomes que podem afetar significativamente a corrida presidencial: o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que poderia conquistar a atual base de apoio de Lula, e o apresentador Luciano Huck, cuja candidatura estaria "parcialmente ligada ao grau de desespero dos partidos centristas de não conseguirem candidato competitivo".
A consultoria recorda ainda que o último levantamento realizado pelo Instituto Datafolha, em novembro de 2017, mostrou que a ex-senadora Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) são os candidatos com mais chances de herdar os votos do ex-presidente Lula.
Em um cenário em que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é o candidato do PT, a intenção de voto de Marina Silva subiria seis pontos percentuais (o que a deixaria com 16%, em segundo na corrida eleitoral) e a de Ciro Gomes, cinco pontos percentuais. Já Haddad não passa dos 3% das intenções de voto. Já Bolsonaro ganha 3% dos apoios a Lula e Alckmin, 2%.
Vale ressaltar que pelos cálculos da Eurasia, antes do veredito dos juízes, a probabilidade de Lula disputar o pleito era de 30% a 40%. No entanto, o fato de os três desembargadores terem validado a condenação de Sergio Moro com unanimidade e ainda aumentarem a pena do petista para 12 anos 1 mês reduziu as chances de Lula estar nas urnas de votação.
No entanto, de acordo com a consultoria, a candidatura do ex-presidente não está “completamente morta”, já que a defesa ainda pode entrar com recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também no Supremo Tribunal Federal (STF).