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EUA mostraram vulnerabilidade do Brasil ao terrorismo

Acidente com pequeno avião roubado perto de Brasília em 2009 demonstrou a vulnerabilidade do Brasil a possíveis ataques terrorista

Clifford Sobel era o embaixador americano no Brasil durante incidente em Luziânia (João Valério/CONTIGO)

Clifford Sobel era o embaixador americano no Brasil durante incidente em Luziânia (João Valério/CONTIGO)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2010 às 06h30.

Washington - O acidente de um pequeno avião que tinha sido roubado perto de Brasília em 2009 demonstrou a vulnerabilidade do Brasil a possíveis ataques terroristas, embora os Estados Unidos tenham defendido a certificação de seu programa de interceptação aérea, segundo telegramas divulgados neste domingo pelo site WikiLeaks.

Em um dos telegramas secretos, identificado como 09Brasilia390, a representação diplomática dos EUA em Brasília destacou o incidente do dia 12 de março de 2009, no qual um homem roubou armado um pequeno avião particular em Luziânia, após sequestrar sua filha de cinco anos de idade.

Após sobrevoar a área durante duas horas, o homem caiu com o avião em um centro comercial em Goiânia, segundo o telegrama escrito pelo então embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel.

O incidente foi notável, segundo Sobel, porque provocou a ativação, rara vez utilizada, dos procedimentos elaborados pelas autoridades brasileiras para o abatimento de aviões.

Dada a proximidade do avião da capital federal e a falta de um plano de voo, os controladores aéreos de Brasília contactaram as autoridades de defesa aérea.

Ao considerar que o avião poderia ser utilizado como uma arma, o Comando de Defesa Aérea contactou o chefe da Força Aérea, Junito Saito, que por sua vez se comunicou com o ministro da Defesa e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre "a possibilidade de ordenar o abatimento (do avião) se surgisse uma ameaça para a população civil", diz esse telegrama.

Mas, durante estas discussões na cadeia de comando, o piloto fez o avião cair no centro comercial.

Sobel considerou que o manejo do incidente "ilustrou a eficácia dos procedimentos do Brasil para evitar abatimentos acidentais" e que serviram de base para que os EUA recomendassem a certificação do programa de interdição aérea do país em 2009.

No entanto, assinalou Sobel no telegrama, o incidente também "destacou a vulnerabilidade a potenciais ações terroristas, visto que a decisão não teria chegado a tempo para parar o piloto se este tivesse podido fazer o avião cair contra algum prédio".

Esta vulnerabilidade, explicou Sobel, se deve a que os procedimentos em vigor no Brasil, incluindo uma lei de 2004, se aplicam fundamentalmente contra aviões que transportam drogas nas áreas do norte do país, "não a possíveis ataques em cidades".

Sobel acrescentou que, apesar da eficácia dos procedimentos disponíveis, as autoridades brasileiras cagitavam analisar formas de "acelerar a tomada de decisões durante um possível ataque terrorista".

Já em outro telegrama secreto, identificado como 08Brasilia806 e com data do dia 12 de junho de 2008, a embaixada americana tinha indicado que "perante a falta de provas que tenham piorado os procedimentos de segurança do Brasil" no programa de interdição aérea, o correto seria estender a certificação ao programa.

Os vazamentos do WikiLeaks causaram a fúria do Governo dos EUA e vergonha a múltiplos Governos, que consideram que eles afetam a cooperação com Washington e a solidariedade internacional.

O Wikileaks começou a divulgação de 251.287 telegramas produzidos pelas embaixadas dos EUA no mundo no dia 28 de novembro, no que se considera a maior disseminação de documentos secretos ou confidenciais jamais realizada no mundo diplomático.

Do total prometido, o Wikileaks divulgou cerca de 1.344 documentos.

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