Brasil

Estudo mostra déficit de US$ 16 bi no complexo eletrônico

Déficit aumentou 169% entre 2004 e 2008; especialista defende investimentos da Telebrás e das Forças Armadas

O déficit dos eletrônicos equivale a 65% do saldo comercial brasileiro (Roberto Setton/EXAME)

O déficit dos eletrônicos equivale a 65% do saldo comercial brasileiro (Roberto Setton/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2010 às 14h14.

Brasília - A balança comercial do complexo eletrônico do país vem aumentando ao longo do tempo e deverá atingir US$ 16 bilhões até o fim deste ano, principalmente nos segmentos de telecomunicações e de componentes, devido ao crescimento das importações.

O déficit somente no setor de componentes eletrônicos é de US$ 7 bilhões, conforme estudo divulgado hoje (28) no boletim Radar, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sobre as tendências de telecomunicações no país.

De acordo com o pesquisador Lucas Ferraz Vasconcelos, autor do estudo, a situação deficitária do complexo eletrônico brasileiro se acelerou entre 2002 e 2008, quando a taxa de crescimento das importações foi bastante superior à das exportações: enquanto a primeira registrou aumento de 137% entre 2004 e 2008, a segunda elevou-se 60% no mesmo período, fazendo com que o déficit crescesse 169%.

Esse déficit equivale hoje a 65% do saldo comercial brasileiro, foi de US$ 4,7 bilhões no ano passado e quase dobrou no primeiro semestre de 2010 para US$ 8,3 bilhões.

Para o pesquisador, o Plano Nacional de Banda Larga, lançado pelo governo, vai afetar a demanda de um setor muito específico do complexo eletrônico, o de equipamentos de rede, e deverá beneficiar a produção nacional pelo aumento da demanda. A importância desse setor é relativamente pequena na balança comercial, pois a estimativa é de que a demanda gire em torno de US$ 300 milhões.


Um outro aspecto do estudo analisou os gastos públicos em equipamentos de telecomunicações. Um dos autores, Rodrigo Abdalla, ressalta que a expectativa de crescimento desses gastos “é basicamente na ampliação dos sistemas de defesa existentes e a implantação de novos sistemas – Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB)”.

Estes dois projetos das Forças Armadas, segundo ele, estão em fase de concepção e devem promover um crescimento do ciclo de investimentos em equipamentos de telecomunicações.

Além disso, está prevista a expansão dos sistemas já existentes – Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e o Sistema Brasileiro de Comunicação Militar por Satélite (Siscomis). “Diante disso, prevê-se que o maior aumento de investimentos da administração pública direta seria das Forças Armadas”, conclui Abdalla.

O valor dos investimentos previstos pela administração pública direta, excetuando-se as Forças Armadas, é de R$ 20 a 25 milhões por ano. O especialista considera o montante insuficiente para acelerar o desenvolvimento do setor, principalmente quando se compara com outros países: o Plano de Banda Larga norte-americano prevê US$ 7 bilhões e o da China investiu só no ano passado US$ 40 bilhões.

No Brasil, fora do setor público, o maior investimento previsto é o da Telebras, que deverá aplicar R$ 4 bilhões (US$ 2,5 bilhões), até 2014. Por isso, o pesquisador do Ipea conclui que “é necessário que o investimento seja bem maior do que o previsto atualmente nos setores público e privado e os instrumentos adequados para isso, pelo nosso estudo, são as Forças Armadas e a Telebras”.

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