Ocupação: a mobilização começou com a ocupação da sede do CPS, na Luz, região central da capital paulista (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2016 às 14h17.
Estudantes ocuparam na manhã de hoje (5) duas regionais de ensino na capital paulista. As ações fazem parte do movimento que protesta contra a falta de merenda e a corrupção nos contratos da alimentação escolar.
Os alunos também tomaram o controle de 11 escolas técnicas estaduais (Etecs) e duas escolas de ensino básico. O Centro Paula Souza (CPS), que administra a rede técnica de ensino, diz que em três estabelecimentos a paralisação é apenas parcial.
A mobilização começou com a ocupação da sede do CPS, na Luz, região central da capital paulista. Os estudantes que cursam a modalidade de ensino médio em que o currículo regular é somado à capacitação profissionalizante não recebem almoço, apenas lanches, a chamada merenda seca.
No entanto, alunos do ensino convencional afirmam que algumas escolas também têm problemas no fornecimento da alimentação. Por isso, o movimento se expande também para escolas estaduais e diretorias de ensino.
Na Diretoria da Regional Centro-Oeste, em Perdizes, zona oeste da capital, os jovens dizem que as demandas dos alunos das duas redes, ambas administradas pelo governo estadual, têm vários pontos em comum.
“Estamos unificando a luta entre as Etecs e as escolas estaduais. Nas Etecs nunca teve merenda e, nas escolas estaduais, está faltando em várias”, ressaltou a estudante Cris Manolopoulos, de 17 anos, uma das que participaram da ocupação do prédio, que começou antes das 6h de hoje.
“Também estamos contra a reorganização escolar, que está acontecendo debaixo dos panos”, acrescentou a estudante em referência ao processo suspenso no ano passado, que previa o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil alunos.
As medidas foram interrompidas após os protestos e a ocupação de cerca de 200 escolas.
Do lado de fora, os funcionários da diretoria reclamavam que um processo para contratação de cuidadores para alunos com deficiência poderia ser prejudicado.
Eles negociavam com os jovens a possibilidade de, ao menos, pegar a documentação necessária para fazer a licitação em tempo hábil. Os estudantes divulgaram imagens em que a Diretoria Regional da Sul 3 também aparece sob controle do movimento.
Alesp
O plenário Juscelino Kubitschek, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), também foi tomado por um grupo de estudantes.
A intenção é permanecer no local até que seja aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as suspeitas de desvios de recursos nas contratações de compra da merenda para as escolas estaduais.
O presidente da assembleia, Fernando Capez (PSDB), teve o nome citado nas investigações.
Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios.
Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.
Em entrevista coletiva ontem (4), Capez informou que entregou seu sigilo bancário à Justiça e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos. “A investigação está andando lentamente. O interessado na investigação sou eu”, ressaltou.