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Estudantes da USP decidem manter greve após reunião com a reitoria

Os estudantes afirmaram que o movimento já promoveu avanços, como a aceleração de contratação de docentes, mas entendem que outras demandas ainda precisam ser atendidas

Estudantes afirmam que o encontro também promoveu alguns avanços (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Estudantes afirmam que o encontro também promoveu alguns avanços (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 10 de outubro de 2023 às 10h06.

Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram, em assembleia na noite desta segunda-feira, 9, permanecer na greve estudantil que tem paralisado as atividades acadêmicas há três semanas. No encontro, realizado no vão da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH), no Butantã, zona oeste da capital paulista, os alunos entenderam que, apesar de o movimento ter conquistado avanços, as pautas dos graduandos ainda não foram completamente atendidas pela reitoria da instituição e, por isso, decidiram pela continuidade da paralisação.

Na assembleia, o apoio à permanência na greve foi demonstrado pela maioria dos presentes e não houve nenhuma manifestação a favor do retorno das aulas.

Os estudantes afirmaram que o movimento já promoveu avanços, como a aceleração de contratação de docentes - umas das principais pautas da greve -, mas entendem que outras demandas ainda precisam ser atendidas. Uma nova reunião com a reitoria está marcada para esta terça-feira, 10, às 14h, junto com um ato unificado. Os grevistas também votaram e aprovaram a realização de uma nova assembleia geral para quarta-feira, 11.

Por que os alunos da USP entraram em greve?

A greve foi aprovada na FFLCH em 20 de setembro e ganhou a adesão de outras faculdades com o passar dos dias, inclusive de unidades como a Escola Politécnica (Poli-USP) e Faculdade de Medicina. A categoria dos docentes também decidiu, em assembleia cruzar os braços e se juntar aos estudantes no movimento.

Os alunos ocuparam os prédios das unidades e passaram a controlar o acesso por meio de piquetes. A intenção era impedir que professores e alunos contrários ao movimento realizassem as aulas normalmente. Estudantes e docentes que não apoiam a greve relataram ao Estadão que sofreram ameaças em virtude do posicionamento divergente.

Durante o período, os grevistas travaram negociações com a reitoria e com as diretorias de cada faculdade. Na semana passada, a USP chegou a anunciar a liberação de mais 148 novas vagas para contratação de professores, adicionais às 879 que já tinham sido aprovadas para diferentes unidades.

Os manifestantes, porém, afirmam que não é necessário apenas abrir vagas, mas também rediscutir as formas de admissão dos novos profissionais. Segundo eles, um mecanismo que fazia a reposição automática dos professores que são exonerados, que se aposentam ou que falecem não está mais vigente, o que torna frágil a manutenção da categoria.

"O número de docentes (que serão contratados) apresentado pela reitoria é uma proposta interessante que consideramos um avanço. Mas, sem a gente debater essa política de contratação fica difícil garantir que a reposição que teremos agora não será perdida nos próximos anos", disse ao Estadão Amanda Coelho, diretora do Centro Acadêmico do curso de Letras.

Retorno da reitoria

Ainda de acordo com os grevistas, a reitoria se mostrou pouco flexível para o atendimento de outras necessidades apresentadas pelos alunos nesta segunda-feira, em uma nova reunião de negociação.

Entre as demandas estavam o aumento da cota para contratação de docentes negros e indígenas e melhorias para o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (Papfe), que ajuda os alunos de baixa renda a se manterem na universidade - uma das mudanças pedidas é o reajuste da bolsa atual de R$ 800 para R$ 1.000.

"Com relação a permanência estudantil, a reitoria não fez nenhuma proposta concreta", afirma a Amanda, que faz parte da comissão de graduandos que tem sentado com a reitoria para debater as pautas.

Os estudantes afirmam, no entanto, que o encontro também promoveu alguns avanços, como a sinalização pela reitoria de realizar a construção de uma creche na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each) que possa ser utilizada por filhos de alunos, funcionários e professores.

Falta de professores

Na assembleia geral desta segunda, os estudantes também apresentaram uma carta à reitoria, reforçando os propósitos da greve, como "falta de professores e técnicos", e a "necessidade de avanços na política de permanência".

"Nosso objetivo é, desde o início, construir uma universidade mais acessível para todos os estudantes da considerada melhor do Brasil e entendemos que a nossa mobilização vai ser o que arrancará a nossa vitória", diz trecho da carta.

No documento, os alunos também pediram para não serem punidos por conta da paralisação das atividades: "Reiteramos também a importância desses estudantes grevistas não serem responsabilizados e nem repreendidos pelo movimente legítimo, ao qual construímos".

Na semana passada, os professores da Associações dos Docentes da USP (Adusp) também decidiram continuar na greve e devem se reunir novamente nesta terça-feira para definir se continuam paralisados ou se retomam às atividades.

Entretanto, mais de 130 professores da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) divulgaram nesta segunda-feira uma carta em que pedem a retomada das aulas e o fim da greve de alunos. Segundo o texto, a paralisação "traz prejuízos não só ao calendário acadêmico atual, mas também às atividades de pesquisa e manutenção da excelência acadêmica desta faculdade, pela qual a FEAUSP é reconhecida internacionalmente".

O Estadão procurou a reitoria da USP para comentar sobre a reunião com os estudantes nesta segunda, mas não teve retorno.

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