O ministro da Fazenda, Guido Mantega: carta na manga para conter a valorização do Real (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2010 às 07h40.
Brasília - Se as novas medidas de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o capital externo não surtirem o efeito desejado, o governo estuda enviar ao Congresso uma Medida Provisória (MP) para acabar com a isenção do Imposto de Renda (IR) para os ganhos dos investidores estrangeiros que aplicam em títulos públicos.
A definição sobre o uso da medida tem urgência porque, para entrar em vigor em 2011, ela precisa ser aprovada pelo Congresso até o fim do ano. Pela legislação brasileira, uma mudança no Imposto de Renda que provoque aumento do tributo só pode entrar em vigor no ano seguinte da sua aprovação pelo legislativo.
Uma fonte da equipe econômica revelou que o fim da isenção é uma das medidas estudadas pelo governo para o câmbio. Seu impacto não é imediato, mas de médio prazo. Por isso, tem uma natureza diferente das ações que estão sendo adotadas, mais voltadas para o curto prazo e que pegam de “surpresa” o mercado financeiro.
O governo enfrenta, porém, um dilema. É preciso decidir rapidamente se vai enviar a proposta ao Congresso se quiser contar no ano que vem com mais esse instrumento para enfrentar a “guerra cambial”.
Se por um lado o governo avalia que essa guerra não vai acabar no curto prazo e pode se agravar em 2011, por outro há uma preocupação com a estabilidade de regras para o investidor, principalmente aquele que vem para o País para ficar mais tempo.
Outro ponto delicado é a incerteza em relação ao comportamento do Congresso, que pode rejeitar a proposta. “Não é uma questão simples. Essa hipótese tem peculiaridades porque envolve o Congresso”, disse a fonte.
Em 2006, quando o governo resolveu isentar o capital externo, depois de muitos anos de reivindicações do mercado, a justificativa foi a necessidade de estimular o aumento do prazo da dívida interna. Os investidores estrangeiros tradicionalmente têm maior apetite por risco e estão dispostos a comprar papéis com prazo de vencimento mais longo. Antes da isenção, os investidores pagavam uma alíquota de 15% de IR.