Brasil

'Estou precisando de mais agressividade na política do governo', diz Lula sobre saída de Nísia

Presidente esteve em Santos para evento de lançamento de túnel submerso ao lado do governador Tarcísio de Freitas

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 27 de fevereiro de 2025 às 13h49.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta, 27, que a decisão de substituir Nísia Trindade no Ministério da Saúde por Alexandre Padilha se deu porque ele precisa de "mais agressividade na política do governo". O presidente deu entrevista ao Balanço Geral da TV Record nesta manhã, antes do evento em Santos (SP) de lançamento do túnel submerso que ligará a cidade ao Guarujá.

"A Nísia era uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade na política que o governo tem que aplicar, mais agilidade, mais rapidez, e por isso estou fazendo algumas trocas. Eu espero que depois do Carnaval eu conclua o que eu tenho que mudar, porque não é só escolher quem você tira, mas quem vai entrar. Se você coloca um jogador que vai jogar menos do que quem saiu, você errou", falou.

O petista evitou dizer quem ficará na Secretaria de Relações Institucionais, que hoje é ocupada por Padilha, mas disse que o nome já está definido. Lula afirmou que esse tipo de mudança é "difícil", mas que ele tem direito de fazer as trocas.

"À medida em que eu chamei alguém para ser ministro, eu tenho direito de trocar. É o momento mais difícil de um governo. Eu aprendi uma coisa: você nunca chame para o governo quem você não pode tirar, porque se você chama alguém que você não pode tirar, você vê um técnico que tem um jogador famoso que sai com a cara emburrada, chutando a grama, quando ele deveria sair alegre porque é um companheiro dele que vai entrar", destacou.

Lula decidiu demitir Nísia na última terça-feira, 25, após se reunir com a ministra e com Padilha. A mudança só será oficializada em 10 de março, quando ocorrerá a posse de Padilha na pasta. As equipes dos dois começaram a fazer reuniões de transição entre as equipes nesta quinta e o processo deve ser concluído antes do Carnaval.

A aliados, a ministra expôs chateação e constrangimento pela posição desconfortável em que foi colocada nos últimos dias, em que teve que lidar com a indefinição sobre sua continuidade no cargo e o silêncio de Lula, enquanto, nos corredores do Planalto, a decisão do presidente de demiti-la já era sabida. Esses interlocutores relatam que ela se sentiu exposta.

Na entrevista, Lula ainda minimizou sua queda de popularidade. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na segunda-feira mostrou que o índice de aprovação ao governo recuou cinco pontos, de 52% para 47%, e ficou pela primeira vez atrás do percentual dos que reprovam a atual gestão. Segundo o levantamento, 49% agora dizem desaprovar a atuação do presidente, dois pontos a mais do que o índice dos que aprovam. Em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a desaprovação supera os 60%.

Usando metáforas futebolísticas, o presidente disse que a população "tem o direito de cobrar" e que as pesquisas servem de "análise", além de destacar que ele está sendo comparado com seus mandatos anteriores como chefe do Executivo federal, e não com o seu antecessor Jair Bolsonaro (PL).

"Uma pesquisa, quando ela está boa ou está ruim, ela serve de análise para saber se você muda ou não de comportamento. O povo brasileiro tem direito de cobrar do presidente da República como a torcida cobra de um jogador, vira e mexe você vê a torcida vaiar o melhor jogador em campo porque ele não está fazendo. Eu sei que eu tenho compromisso com o povo brasileiro, eu prometi durante a campanha, mas o povo brasileiro não me compara com o Bolsonaro porque o Bolsonaro foi muito ruim. O povo me compara comigo mesmo, com o Lula de 2010. Pesquisa pra mim serve para analisar, nem ficar otimista, nem ficar com raiva, esse é meu lema", falou.

 

 

Acompanhe tudo sobre:Nísia TrindadeMinistério da SaúdeAlexandre PadilhaLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

Governo adia posse de Padilha como ministro da Saúde e cerimônia será após o Carnaval

Concorrência de youtubers e influencers leva Centrão a desengavetar projeto do voto distrital

Dino pede urgência, e STF vai analisar decisão sobre emendas durante o carnaval