Brasília - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF) para o julgamento sobre validade das delações da JBS (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)
Talita Abrantes
Publicado em 27 de junho de 2017 às 18h22.
Última atualização em 27 de setembro de 2017 às 19h07.
São Paulo - O subprocurador-geral da República Nicolao Dino foi o nome mais votado entre os membros do Ministério Público Federal (MPF) para substituir Rodrigo Janot na chefia da Procuradoria-Geral da República. A eleição foi realizada nesta terça (27) e terminou às 18h.
Visto como o favorito de Janot na disputa, ele defendeu a cassação do mandato de Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Junto com os subprocuradores Raquel Elias Ferreira Dodge e Mario Luiz Bonsaglia, Dino fará parte de uma lista tríplice que será enviada ao presidente Temer como sugestão da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para a sucessão do cargo.
O presidente, no entanto, não é obrigado a escolher entre os nomes indicados pela ANPR. Desde que a tradição de formar uma lista tríplice foi criada, o processo só não foi seguido em sua primeira edição, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. A partir de 2003, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, as indicações foram reconhecidas.
Depois da escolha do presidente, o nome é apresentado ao Senado, que deve referendá-lo no plenário do Senado após sabatina na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
O vice-procurador geral eleitoral ficou mais conhecido por participar do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE. Ele é um dos únicos novatos na disputa.
Dino se graduou em Direito pela Universidade Federal do Maranhão em 1985, é especialista em Direito pela mesma instituição e mestre pela Universidade Federal de Pernambuco. Hoje, também é professor assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília.
Raquel Dodge foi a terceira colocada na lista tríplice que elegeu Janot e é apontada como uma das favoritas do presidente Michel Temer. Ela é opositora ferrenha do atual procurador-geral, assim como Temer, segundo a Coluna do Estadão, que apura bastidores da política brasileira. Ela também tem o apoio dos peemedebistas José Sarney, Renan Calheiros e Osmar Serraglio, além do ministro da Justiça Torquato Jardim e do ministro do STF Gilmar Mendes.
Ela propôs estancar o desvio de profissionais para Brasília, o que é visto por alguns de seus pares como uma tentativa de barrar a Lava Jato. Dodge é especialista na área criminal e ingressou no MPF em 1987. Ela é mestre em Direito pela Universidade de Harvard.
O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, ficou em segundo lugar na última lista tríplice, atrás de Rodrigo Janot, e também é um dos favoritos de Temer.
No lançamento de sua campanha pela PGR, comprometeu-se a apoiar a Lava Jato e já nomear mais reforços para as operações em Brasília.
Bonsaglia é doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP) e subprocurador desde 2014.