Macron e Bolsonaro: o governo brasileiro estuda chamar o embaixador após os ataques que o presidente francês (Frederico Mellado/ARG/Flickr)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 15h21.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro confirmou hoje que já conversou com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a possibilidade de chamar o embaixador do Brasil na França ao país.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo noticiou, o governo brasileiro estuda chamar o embaixador após os ataques que o presidente francês, Emmanuel Macron, fez ao presidente Bolsonaro envolvendo as queimadas na Amazônia.
"Conversei com o Ernesto, estamos avaliando", disse hoje Bolsonaro ao deixar o Alvorada pra um almoço com o vice-presidente, Hamilton Mourão, no Palácio do Jaburu. O encontro durou menos de uma hora e Bolsonaro já retornou ao Alvorada.
O presidente disse ainda neste sábado que já conversou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com Sebastian Piñera, com o chefe da Espanha, e Equador.
Questionado se iria falar com Macron, o presidente reagiu: "depois do que ele falou a meu respeito, você acha que vou falar com ele? Eu estou sendo muito educado, porque ele me chamou de mentiroso."
Bolsonaro não detalhou que tipo de ajuda os EUA podem dar ao Brasil, mas lembrou dos incêndios que ocorrem na Califórnia, causando uma catástrofe.
"Com o poderio que os EUA têm, eles têm dificuldade de combater incêndio, imagina aqui". E ressaltou que se o Brasil precisar, terá ajuda americana.
Nesta sexta-feira (23), o presidente francês acusou Bolsonaro de ter mentido sobre seus compromissos com o meio ambiente e anunciou que, sob essas condições, a França se opõe ao controverso tratado de livre comércio UE-Mercosul.
“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G20) de Osaka”, declarou o palácio do Eliseu, estimando que “o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade”.
“Nestas circunstâncias, a França se opõe ao acordo do Mercosul”, acrescentou a presidência francesa.