Trabalhador posa com bandeira do Brasil em linha de VLT sendo construída em Cuiabá (Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2014 às 21h50.
Cuiabá - Depois de semanas frenéticas de trabalho no entorno do aeroporto de Cuiabá, o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, compareceu à inauguração nesta quarta-feira de uma nova e reluzente estação de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a dois dias do primeiro jogo da Copa do Mundo na cidade.
No entanto, não havia nenhum vagão de VLT à vista, e os trilhos acabam abruptamente em barreiras de concreto. Torcedores que chegavam do Chile de avião se mostravam intrigados com a construção. “Talvez seja uma estação de ônibus?”, murmurou um dos visitantes. Barbosa disse à Reuters que a intenção nunca foi ter os 23 quilômetros de trilhos prontos para a Copa do Mundo.
Mas para muitos nessa agitada capital agropecuária e no Brasil, o projeto no valor de 1,4 bilhões de reais tornou-se um símbolo da dificuldade do país em organizar o torneio de um mês.
Atrasos na construção de estádios, aeroportos e outros projetos de infraestrutura, assim como um orçamento oficial de 25,8 bilhões de reais foram combustível para as manifestações contra a Copa. Em Cuiabá, no entanto, a sensação é mais de resignação.
“Nós realmente queremos o VLT e a Copa do Mundo nos permitiu pensar que esse sonho poderia se realizar”, disse Silas Augusto, que coordena uma área de recepção aos torcedores no aeroporto.
O projeto do VLT não foi um requisito da Fifa e, de qualquer maneira, muitos torcedores não usariam o novo meio de transporte para circular ou ir às partidas a serem disputadas na recém-inaugurada Arena Pantanal.
“A linha fica 1,8 quilômetros distante do estádio”, disse Eduardo Gomez, um editor de revistas locais. “Não é um projeto para a Copa do Mundo.” Além disso, disse Gomes, os atrasos na construção fazem parte da organização de um Mundial. De fato, o estádio do Marcanã, no Rio de Janeiro, construído para a Copa de 1950, só foi completamente concluído em 1965.
Mesmo assim, operários trabalharam dia e noite nos últimos dias para terminar a estação do VLT no aeroporto, plantar um gramado e fazer com que o lugar se tornasse apresentável, ainda que não fosse funcionar.
“É um projeto muito complexo que em qualquer outro país poderia levar seis ou oito anos”, disse o governador. “Vamos fazer o nosso em quatro. Está inacabado, mas não está paralisado.” Enquanto muitos no Brasil podem considerar Cuiabá uma cidade de menor porte, certamente não é um município pobre, sendo a capital do principal Estado produtor de grãos e centro de distribuição da soja brasileira.
Barbosa gosta de dizer que seu Estado “ajuda a alimentar o mundo” e que o VLT, mesmo não terminado, projeta uma imagem de desenvolvimento aos visitantes.
Perguntado quando o projeto do VLT estaria pronto para operar, com 40 vagões importados da Espanha, Barbosa respondeu com um sorriso: “na próxima vez que você vier.” E enquanto muitos em Cuiabá falam sobre uma possível data de conclusão em 2017, Barbosa promete: “No ano que vem vocês vão poder usar uma boa parte dele.”