Estação Fradique Coutinho, a 66.ª do Metrô, será inaugurada hoje, depois de 4 anos de atraso (ALEXANDRE BATTIBUGLI/EXAME)
Da Redação
Publicado em 15 de novembro de 2014 às 09h19.
São Paulo - A Estação Fradique Coutinho, a 66.ª do Metrô, será inaugurada hoje, depois de 4 anos de atraso. Apesar do prazo esticado, a parada despertou no entorno um processo verificado em outros pontos da Linha 4 - Amarela: a aceleração da verticalização.
Torres comerciais e residenciais foram construídas nos arredores dessas estações, alterando a paisagem dos bairros por onde passa o ramal aberto em 2010, em especial na zona oeste.
Pelo menos 15 grandes prédios em construção, recém-abertos ou em lançamento, podem ser vistos a uma distância de até três quarteirões das sete estações prontas da Linha 4 - incluindo a Fradique Coutinho.
Um edifício será erguido em um terreno na esquina com a Rua Artur de Azevedo, no quarteirão ao lado. Aberto em 2011, o prédio vizinho da estação tem anúncios, na internet, de escritórios situados "ao lado do metrô", antes mesmo de a estação começar a funcionar.
Para José Eduardo de Assis Lefèvre, urbanista e professor da Universidade de São Paulo (USP), é natural que o transporte público aumente a verticalização na cidade.
"Dados os problemas de tráfego, os arredores das estações tendem a atrair gente para morar e trabalhar."
Ainda de acordo com ele, esse tipo de processo tem um lado positivo, ao estimular mais gente a usar transporte coletivo - apesar de boa parte dos empreendimentos ter estacionamento.
"A verticalização em eixos como metrô e corredores de ônibus vai no mesmo sentido das diretrizes do Plano Diretor (aprovado neste ano)", diz.
Expulsão. Com a verticalização, no entanto, vem a valorização do metro quadrado e, consequentemente, a expulsão de antigos moradores e comerciantes.
"Infelizmente, os aluguéis sobem e as pessoas que moravam lá vão ter dificuldades de se manter", afirma Lefèvre.
Cabeleireiro em um salão na Avenida Vital Brasil, perto da Estação Butantã, na zona oeste, Djalma Esméria, de 47 anos, conta que, desde que a parada abriu, em 2011, o aluguel dobrou.
"Assim, no próximo reajuste, não vai ter mais salão." Na quadra ao lado do metrô há dois prédios sendo erguidos, o que já faz o microempresário Paulo da Silva, de 60 anos, temer piora no trânsito. "O pessoal tem de ser mais consciente e deixar de ir trabalhar de carro", acredita Silva.
Diante da Estação Pinheiros da Linha 4, inaugurada há três anos, um prédio aberto há alguns meses traz um nome que alude ao transporte de massa: Grand Station. Outros dois estão em obras nas imediações. Todos com garagem.
Outra estação, a Faria Lima abriu em 2010 (foi a primeira a operar na Linha 4, junto com a Paulista). Atualmente, quatro torres estão em construção ou em lançamento ao redor.
Atraso. Prevista para 2010, a Estação Fradique Coutinho teve as obras iniciadas nove anos atrás. A expectativa é de que 15 mil pessoas passem pelo local diariamente. Situada entre duas estações já existentes, a Fradique não acrescentará nenhum quilômetro aos 75,5 km do metrô.
De hoje até sexta-feira, a estação funcionará das 10 às 15 horas. No sábado, a operação passa a ser das 4h40 à meia-noite.
Moradores e trabalhadores do entorno das futuras estações da Linha 4 aguardam agora a abertura delas. "Ouço falar dessa estação desde 1992, quando comprei o apartamento", diz a aposentada Vilma Leite, de 60 anos, vizinha da Estação Oscar Freire.
Em um prédio perto da futura Estação Higienópolis-Mackenzie, que começou a ser construída em 2004, trabalha o plantonista Luis Gonzaga, de 53 anos. "Brinquei com meu filho que talvez seus bisnetos vejam a linha ficar pronta."