Coronavírus: ministro da Saúde disse que medidas restritivas podem atrapalhar o funcionamento de fábricas de equipamentos médicos (Vinícius Loures/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de março de 2020 às 16h34.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 19h45.
Em linha com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que as restrições impostas nos Estados, como fechamento de comércios, são "péssimas" para o setor de saúde.
Apesar de afirmar que não irá pedir aos governadores para afrouxarem as medidas, ele disse que alguns estão percebendo que aceleram nas decisões e que será necessário fazer ajustes.
"Tem médicos fechando consultórios. Daqui a pouco estou lá cuidando de um vírus, mas cadê o pré-natal? Cadê o cara que está fazendo a quimioterapia? Não dá para chegar e dizer o que é essencial. Se precisar de um mecânico para consertar uma ambulância, ele é o mais essencial naquele momento", disse ao sair do Palácio do Planalto, após conferência com governadores do Centro-Oeste e Sudeste.
O ministro disse ainda que medidas restritivas, como fechamento de aeroportos e rodovias, podem atrapalhar, por exemplo o funcionamento de fábricas de equipamentos médicos e suprimento de materiais, como máscaras.
Segundo o ministro, as ações precisam ser sincronizadas e não devem atender motivações políticas, como ele tem visto em alguns casos. "Tenho visto prefeitos com eleições na frente. Teve um que me ligou e falou que já tinha fechado mercearia, borracharia e açougue. Eu perguntei o porquê e ele me disse que o cara da oposição tinha dito na rádio que, se ele não fechasse, estava errado".
Luiz Henrique Mandetta afirmou que a evolução de casos de covid-19, doença transmitida pelo novo coronavírus, está dentro da previsão do governo. Também ressaltou que o País é autossuficiente na produção de cloroquina, medicamento que tem sido usado em casos mais graves, e que alguns países até solicitaram o remédio para o Brasil.
O ministro também voltou a defender o sigilo dos exames do presidente Jair Bolsonaro. Disse que os resultados cabem ao paciente e ao médico. O Estado pediu, oficialmente, cópia do resultado à Presidência, que ainda não foi enviada.