Brasil

Esporte prepara campanha antirracista para a Copa

Segundo a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, a CBF aceitou a ideia

A ministra defende uma campanha com foco no racismo dentro e fora dos campos: "se no futebol os negros são motivo de orgulho nacional, devemos ter a participação deles em todos os setores" (Divulgação)

A ministra defende uma campanha com foco no racismo dentro e fora dos campos: "se no futebol os negros são motivo de orgulho nacional, devemos ter a participação deles em todos os setores" (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 15h00.

Rio de Janeiro - Preocupada com as cenas de racismo ocorridas recentemente no futebol internacional, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse hoje (4) que negocia com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e com o Ministério do Esporte a realização de campanhas de combate à prática discriminatória durante a Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil.

"A CBF aceitou essa ideia com bastante alegria porque já é um trabalho feito pela Fifa [Federação Internacional de Futebol] na Europa. Portanto, teremos toda a possibilidade de reproduzir", declarou Luiza sobre a campanha, durante entrevista à imprensa no seminário Empreendedorismo e Igualdade Racial em Grandes Eventos Esportivos, realizado no Rio de Janeiro.

A ministra explicou que o "desdobramento" da campanha depende de "mais conversas" com a CBF e do envolvimento dos patrocinadores do Mundial. Caso a proposta seja aprovada, ela defende uma campanha com foco no racismo dentro e fora dos campos. "Se no futebol os negros são motivo de orgulho nacional, devemos ter a participação deles em todos os setores", afirmou.

O assessor especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, que participou do evento com a ministra, disse que a campanha antirracista deve ser feita às vésperas dos jogos, com o provável apoio da Fifa. Segundo ele, a organização exige "jogo limpo em todos os sentidos" e já pune clubes no caso de demonstrações de racismo por parte dos torcedores.

"Na África do Sul, antes dos jogos da última Copa, os capitães falavam de práticas limpas e coibiam o racismo. Essa é uma preocupação comum: da Fifa e do Brasil", declarou o assessor.

Na Europa, onde torcedores já chegaram a arremessar bananas em jogadores, a Confederação de Futebol Europeia (Uefa) lança no próximo dia 17 uma campanha antirracista. A ideia é realizar, durante uma semana, atividades para conscientizar atletas, dirigentes e fãs, em 40 países, com apoio da Rede Europeia contra o Racismo (Fare), que promove ações semelhantes desde 2001.

No Brasil, não há registro da realização de campanhas semelhantes, segundo informações da CBF. O movimento negro, entretanto, está atento às competições regulares e à Copa. O Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (Cedine) do Rio defende que a Lei Caó (que tipifica o racismo como crime inafiançável) seja usada inclusive para os estrangeiros, se necessário.

"A sociedade civil será uma espécie de olhos, ouvidos e boca desse segmento [dos negros] por meio de várias entidades no Brasil", afirmou o presidente do Cedine Rio, Paulo Roberto Costa.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEsportesFutebolMinistério do EsportePreconceitosRacismo

Mais de Brasil

Governo Lula se preocupa com o tom usado por Trump, mas adota cautela e aguarda ações práticas

Lula mantém Nísia na Saúde, mas cobra marca própria no ministério

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático