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ESPM nega que proibiu protestos durante visita de Temer à faculdade

Segundo a instituição, o texto original alertava apenas para a alteração da rotina dentro da escola e no trânsito na rua Dr. Álvaro Alvim

Temer: a participação de Temer ocorre na sessão de encerramento da apresentação do relatório "Riscos em Negócios Internacionais" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: a participação de Temer ocorre na sessão de encerramento da apresentação do relatório "Riscos em Negócios Internacionais" (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de maio de 2018 às 11h56.

Brasília - A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) informou na manhã desta sexta-feira, 4, que é de responsabilidade das entidades estudantis a mensagem reproduzida na quinta-feira, 3, nas redes sociais alertando aos alunos que protestos contra o presidente Michel Temer dentro da faculdade não seriam tolerados.

Em nota, a assessoria da ESPM afirmou que o texto original, enviado em comunicado interno aos alunos, professores e funcionários às 16h47, alertava apenas para a alteração da rotina dentro da escola e no trânsito na rua Dr. Álvaro Alvim e não continha o trecho que gerou polêmica entre os estudantes.

"Em momento algum, a instituição restringe a liberdade de expressão de seus alunos ou de quem quer que seja", diz a nota da ESPM.

A participação de Temer ocorre na sessão de encerramento da apresentação do relatório "Riscos em Negócios Internacionais", sobre a globalização de empresas. A publicação, desenvolvida por alunos e professores do curso de Relações Internacionais da ESPM, começou a ser produzida há um ano.

A "nota oficial" da instituição foi originalmente publicada na noite da quinta-feira, 3, pelo Diretório Acadêmico Guerreiro Ramos em sua página no Facebook. A atlética da faculdade também divulgou a "nota oficial", mas a excluiu cinco horas depois, após dezenas de comentários criticando a publicação. A reportagem entrou em contato com o Diretório Acadêmico, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

"Vale ressaltar que é de extrema importância a educação para com o Presidente, possuindo sempre uma postura exemplar de respeito. Sendo assim, protestos dentro da faculdade não serão tolerados", diz o texto publicado nesta quinta, e que ainda está disponível na página do Diretório Acadêmico.

Alunos e ex-alunos da faculdade criticaram a publicação nos comentários. "Como que chamava mesmo aquela época que proibiam protestos no ambiente acadêmico?", questionou uma aluna, referindo-se ao regime militar.

Uma estudante sugeriu um boicote ao evento. Outro compartilhou a carta de princípios da faculdade, que, entre outros pontos, prega a defesa do "respeito ao cidadão, a liberdade de expressão e a ética nas relações".

O Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que, em um primeiro momento, os alunos da própria instituição não seriam avisados sobre o evento para evitar "maiores transtornos". Depois, a ESPM decidiu comunicar aos estudantes para que pudessem planejar sua ida à faculdade nesta sexta-feira.

O convite a Temer foi feito há mais de um mês. Sem reposta oficial, a organização do evento chegou a pensar que o presidente não participaria. Nesta semana, no entanto, o cerimonial da Presidência da República entrou em contato com a instituição determinando os protocolos que deveriam ser seguidos para recepcionar a comitiva de Temer.

Para receber o presidente, entre outras coisas, a rua que dá acesso à faculdade, na zona sul da capital, teve de ser fechada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a passagem que dá acesso ao auditório foi isolada.

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