Intervenção no RJ: cerca de 140 policiais estaduais, vinte policiais rodoviários federais, 40 viaturas, helicópteros e drones capixabas serão empregados exclusivamente na vigilância da divisa fluminense (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 15h57.
O governo do Espírito Santo decidiu reforçar o patrulhamento policial nos 198 quilômetros de divisa com o Rio de Janeiro. Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, a medida visa a impedir a eventual fuga de criminosos do território fluminense para o estado após a intervenção federal na segurança pública e no sistema carcerário do Rio de Janeiro.
A partir da deflagração da chamada Operação Divisa, cerca de 140 policiais estaduais, vinte policiais rodoviários federais, 40 viaturas, helicópteros e drones serão empregados exclusivamente na vigilância da divisa com o Rio de Janeiro.
Prevista para durar pelo menos dois meses e meio, a ação vai aumentar os gastos públicos com segurança em cerca de R$ 1 milhão mensais, informou o secretário.
"Estamos usando um contingente de reforço e pagando [hora-extra] aos policiais de folga", explicou, garantindo que o patrulhamento em outras regiões do estado não será prejudicado e que, se for preciso, a operação se estenderá além dos dois meses e meio iniciais.
"Se for necessário durar pelo tempo que durar a intervenção no Rio de Janeiro, a operação será prorrogada."
De acordo com Garcia, a operação para manter a integridade das divisas é preventiva. Bloqueios rodoviários vão ser implantados em pontos estratégicos do estado, conforme recomendação das polícias Civil e Militar.
"Um dos pontos será a BR-101, principal via de acesso ao estado", disse o secretário, enfatizando o caráter preventivo da operação. "Não há hoje nenhuma informação ou indício apontando para a migração de criminosos para o nosso estado. Estamos levando em conta uma possibilidade pouco provável [de ocorrer]", disse o secretário, destacando que, em ações militares anteriores, no Rio de Janeiro, não houve migração de bandidos para o Espírito Santo.
"É preciso ter muito cuidado com esta coisa de migração. Os criminosos estão há muitos anos estabelecidos em um mesmo lugar. A atividade criminosa é rentável. O mercado criminoso é atrativo. Por tudo isso, há uma dificuldade [para os bandidos] migrar", acrescentou o secretário.
Amanhã (21), Garcia participa, em São Paulo, de reunião com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, e com os secretários de segurança pública de São Paulo e de Minas Gerais, estados que também fazem divisa com o Rio de Janeiro e cujas forças de segurança também estão de prontidão.
Além de discutir pontos do decreto de intervenção federal no Rio de Janeiro, o secretário capixaba vai propor a criação de um canal de troca de informações, em tempo real, entre os serviços de inteligência do grupo interventor e estaduais.
"O trabalho de inteligência é determinante para mudarmos inclusive o planejamento. Em uma ação como esta, não tem que haver burocracia", disse o secretário ao destacar a importância do intercâmbio de informações, sobretudo com os órgãos de segurança pública.
"As informações de movimentação [de criminosos] no Rio de Janeiro nos darão indícios do que pode vir a acontecer aqui no estado. Qualquer informação sobre a movimentação de grupos ou lideranças criminosas é importante."
Garcia ainda deve aproveitar a ocasião para pedir ao ministro Torquato Jardim que os policiais rodoviários federais que atuavam no Espírito Santo e que, desde o ano passado, estão cedidos à superintendência do Rio de Janeiro, regressem a seus antigos postos a fim de reforçar o patrulhamento na divisa entre os dois estados. Segundo a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal capixaba, 15 policiais rodoviários do estado atuam no estado vizinho atualmente.