Plataforma de petróleo da Petrobras: em um mesmo dia, Forbes publicou dois artigos sobre espionagem - um a favor e outro contra (Rich Press/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2013 às 18h06.
São Paulo – “Você não está simplesmente chocado - chocado - que a NSA tem espionado a Petrobras? Eu não estou. Na verdade, seria mais chocante se a NSA não estivesse reunindo toda informação que pudesse do Brasil e da Petrobras, uma inchada estatal mastodôntica reportadamente dominada por corrupção”.
É assim, em texto completamente crítico à Petrobras e sutilmente favorável à espionagem dos Estados Unidos, que um artigo na Forbes resolveu tratar as últimas revelações feitas pelo jornalista britânico Glenn Greenwald, com documentos de Edward Snowden, o ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA).
A matéria, assinada por Christopher Helman - que cobre o setor energético para a revista - afirma que se alguém está surpreso com o interesse americano em espionar outros governos, é hora de “acordar”.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o motivo das últimas violações não é a “segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos”.
Segundo o texto da Forbes, com a Petrobras enfrentando tantos problemas e o Brasil sendo um terreno difícil para o investimento por parte das petrolíferas do país, é compreensível o interesse dos EUA.
“Uma Petrobras enfraquecida significa um Brasil enfraquecido, o que significa uma América do Sul menos estável. Isso não é diretamente ligado à NSA?”, questiona o texto.
Imersa em problemas
A Petrobras é mostrada como um centro de corrupção. São citados especificamente quatro casos. A complicada situação financeira da companhia, o desempenho ruim na bolsa e a maior dívida entre as petrolíferas também são tratados.
O texto, publicado nesta segunda, termina de forma irônica.
“A teoria quântica afirma que o simples ato de observação pode mudar o futuro resultado de um evento. Talvez o conhecimento de que o Big Brother NSA está vendo de perto altere o comportamento da Petrobras”, finaliza.
Ontem, menos de quatro horas após a publicação do primeiro artigo, o site da revista publicou outro texto com ponto de vista completamente distinto.
“Os únicos examinadores da Petrobras devem ser seus investidores, analistas de bancos de Wall Street, agências de crédito, e as pessoas do Brasil que implicitamente possuem a empresa”, disse o colunista Agustino Fontevecchia, em contraponto.