Trem bala da Talgo: previsão de investimentos para o trem-bala brasileiro é de US$ 35 bilhões
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2011 às 18h21.
São Paulo - A fabricante espanhola de ferrovias Talgo assinalou nesta segunda-feira que as negociações para participar de um consórcio de licitação para o trem de alta velocidade (TAV) entre Rio de Janeiro e São Paulo "estão avançadas", mas reconheceu que sua participação está condicionada ao adiamento do leilão.
"Estamos em negociações para participar desse consórcio. As negociações estão avançadas", disse o executivo-chefe da Talgo, José Maria Oriol, em entrevista coletiva realizada em São Paulo.
O executivo assegurou que, atualmente, negociam com outras empresas, tanto brasileiras como espanholas, e que a oferta está "praticamente pronta", mas admitiu que não é possível completar a proposta antes de 11 de abril, data limite para a apresentação dos documentos.
"Se não houver uma mudança de data acho praticamente impossível montar uma oferta dessa magnitude", assegurou Oriol.
Em sua opinião, o principal beneficiado de um adiamento do leilão é o Governo brasileiro, porque nesse caso serão apresentados mais concorrentes.
A licitação do trem bala estava prevista para o mês de dezembro, mas o Governo decidiu adiar para 29 de abril o leilão, para o qual mostraram interesse empresas da Espanha, França, Alemanha, China e Coreia do Sul.
No entanto, um consórcio sul-coreano era o único que tinha todos os documentos preparados para participar da licitação de dezembro.
Nessa ocasião, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) decidiu adiar o leilão devido à pressão do setor ferroviário.
O projeto já sofreu vários atrasos. Em um primeiro momento, devia começar a funcionar antes da Copa do Mundo de 2014, mas parece cada vez mais difícil que a obra acabe antes dos Jogos Olímpicos de 2016, já que devem durar seis anos.
O Governo brasileiro calcula que o investimento total do projeto será próximo aos US$ 35 bilhões.
Oriol explicou que em um projeto com estas características o total do investimento de material rodante costuma oscilar entre 7% e 10% do total, dependendo das complicações da orografia.
O executivo da Talgo se mostrou confiante na qualidade dos trens de sua companhia, por serem "entre 25% e 30% mais rápidos" que a concorrência, o que implica um menor consumo energético que pode gerar uma redução tarifária.
Em sua opinião, o sucesso do projeto depende, em grande medida, do preço do trajeto, que qualificou como o elemento "mais sensível".
Além disso, disse que a rentabilidade deve ser medida em parâmetros "sociais", já que uma rede de transporte ferroviário de passageiros "retira pessoas das estradas, alivia os aeroportos e tem pouco impacto no meio ambiente".