Carnaval: verão “é o Papai Noel da empresa de bebida”, segundo Luiz Cláudio Taya, diretor de marketing da Schincariol (Getty images)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2011 às 19h09.
Rio de Janeiro - Adson Amazonas olhou com orgulho justificado para a gigantesca aranha preta e pontilhada à sua frente.
Ele e outros trabalhadores construíram a alegoria não uma vez, mas duas, depois de ela ter sido destruída no mês passado em um incêndio que parecia ter reduzido a cinzas os sonhos carnavalescos de três das 12 principais escolas de samba do Rio.
Três semanas mais tarde, e a poucos dias para o início dos desfiles na Marquês da Sapucaí, no domingo, uma soma de espírito comunitário, inovação e 20 horas diárias de trabalho preparou novamente as três escolas para dar mais um espetáculo na avenida.
Mas os diretores das escolas de samba admitem que seus desfiles não terão todo o brilho e luxo de costume, que agradam às multidões e valem pontos junto aos jurados da competição.
"Tivemos que começar do zero e pagar tudo outra vez", contou Danyllo Gayer, um dos fundadores da escola Grande Rio, a mais afetada pelo incêndio, que destruiu milhares de fantasias e carros alegóricos que contam o enredo das escolas.
"Se isso tivesse acontecido três meses antes do Carnaval, poderíamos ter refeito tudo, mas faltando apenas 20 dias, não deu."
Entre os destaques do Carnaval deste ano, que atrai cerca de 750 mil visitantes ao Rio, haverá a presença da modelo Gisele Bundchen, que vai desfilar sobre um carro alegórico da Vila Isabel como a escultura grega antiga da Vênus de Milo, e do ídolo Roberto Carlos, o enredo da Beija-Flor.
As celebridades que vão disputar espaço nos cobiçados camarotes VIP do Sambódromo vão incluir os atores Pamela Anderson, Jude Law e, segundo alguns, Leonardo DiCaprio, além de muitos astros do futebol nacional.
O incêndio de 7 de fevereiro, o pior na história recente do Carnaval, provocou prejuízos de milhões de reais e obrigou as três escolas a se mudarem para barracões improvisados. Os carros alegóricos da Grande Rio terão mais ou menos a metade do tamanho normal, e milhares de fantasias refeitas às pressas provavelmente não terão o brilho de costume.
O Adson, da escola União da Ilha, estava dando os retoques finais à aranha, que tem pernas que se movem e que serão operadas por 14 pessoas no interior de seu corpo.
"Todo o mundo ficou arrasado porque a aranha é nossa alegoria principal, é nosso cartão de visitas", disse Adson, especialista na construção das partes móveis de carros alegóricos. Ele passa cerca de seis meses por ano trabalhando para o Carnaval carioca.
Eduardo Alffonso, outro colaborador da União da Ilha, acha que o desfile da escola ficará em mais ou menos 80 por cento dos seus padrões habituais, graças às muitas horas que ele e outros trabalhadores pagos e voluntários vêm se esforçando para isso.
"Vai ser um desfile lindo. Ninguém está falando do incêndio. Todo o mundo só quer fazer um Carnaval bonito", afirmou.
Distante do Sambódromo, não tem faltado animação aos blocos carnavalescos nos últimos dias. Autoridades cariocas reclamaram de problemas de organização depois de "flash mobs" convocadas por sites de relacionamento social como o Twitter terem lotado os blocos pré-carnavalescos promovidos em áreas das praias de Ipanema e Copacabana na semana passada.
O clima de animação, no entanto, foi prejudicado pelo incêndio trágico e por um incidente muito pior ainda ocorrido no domingo passado, em Minas Gerais, quando 15 foliões morreram eletrocutados pela queda de um cabo de eletricidade sobre um trio elétrico. Uma jovem também morreu no Rio de Janeiro após cair de um trio elétrico na praia.