Brasil

Escolas do Rio retornarão aulas 100% presenciais na próxima segunda-feira

A partir do dia 25, o conteúdo on-line será apenas para reforço. Secretaria tenta reverter evasão escolar durante a pandemia com busca ativa

 (Pilar Olivares/Reuters)

(Pilar Olivares/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 20 de outubro de 2021 às 13h57.

Última atualização em 20 de outubro de 2021 às 14h55.

A partir da próxima segunda-feira, dia 25, as escolas da rede estadual do Rio de Janeiro retornam às atividades 100% presenciais. Apenas o reforço escolar seguirá de forma remota, em que o aluno poderá fazer no contraturno. A retomada foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira.

Desde o início do ano letivo, um dos desafios tem sido trazer de volta o estudante que não tem acompanhado as aulas de forma remota nem de maneira presencial, segundo o secretário estadual de Educação, Alexandre Valle. A tentativa de reverter esse quadro tem sido feita por meio de busca ativa aos alunos, desde março, através de diversas formas de contato, como ligações e até ida às casas deles. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) estima que, hoje, 80 mil estão afastados da rede. O mesmo problema é enfrentado na rede municipal do Rio, que estima ter 25 mil alunos longe das aulas.

As unidades deverão seguir os protocolos sanitários do estado e do município — por exemplo, o uso de máscara permanece obrigatório a todos —, a comunicação sobre ocorrência de casos de Covid-19 nesses ambientes e a retomada das merendas apenas nas escolas (e não mais o kit alimentação). Entre as mudanças, o distanciamento social perde espaço e chega ao fim.

— Toda essa decisão vem baseada junto com o protocolo da saúde, com a orientação nossa com a Secretaria de Saúde. Temos aproximadamente mais de 97% dos professores já vacinados com o ciclo completo: primeira e segunda dose e mais os 14 dias. Nós já temos a grande maioria dos nossos alunos vacinada. Então há um entendimento de que a gente precisa voltar. A escola é um espaço de convívio. Precisa ter essa relação do professor com o aluno. É muito importante para que a gente possa ter um aprendizado cada vez melhor. Nós temos a garantia e a certeza que nós estamos preparados para essa volta às aulas — disse o secretário.

Os números da Covid-19 no estado e o avanço da vacinação da população fluminense fazem parte dos critérios de avaliação para a volta de todos às salas.

— Todos os diagnósticos científicos sempre colocaram que a escola é um ambiente seguro para o aluno — disse Valle. — Desde março, já viemos trabalhando de forma híbrida em função do bandeiramento. Nós trabalhávamos com percentuais em sala de aula. A partir de segunda-feira não há mais o bandeiramento, a merenda passa a ser oferecida nas escolas, não haverá mais a distribuição do kit.

'Infrequência' na sala

No último mês, dos cerca de 730 mil matriculados na rede, 80 mil alunos estavam com infrequência, isto é, sem acompanhar as aulas de forma presencial ou remota. A Seeduc afirma não ser possível, ainda, falar em evasão escolar por conta do calendário ainda estar em curso. Nos 60 dias restantes do ano letivo — que deve ser encerrado em 21 de dezembro —, a pasta espera levar de volta ao ambiente escolar o máximo de alunos possíveis.

— O apelo que a gente vem fazendo é para que os pais, alunos, os nossos grêmios estudantis, os responsáveis pelos alunos e os próprios alunos, principalmente os que detêm a maior frequência, busquem os outros alunos. Aquele amigo, aquele colega que saiba que está faltando, não está presente, traga para dentro da escola porque é de suma importância para que tenhamos um resultado melhor na educação para que possamos fazer também uma avaliação desse momento que passamos na pandemia. Nada mais importante do que o aluno em sala de aula — salienta Valle.

Segundo o secretário, a partir do retorno integral às salas, a Seeduc poderá fazer um diagnóstico mais completo sobre a real situação. Assim, pode haver mudanças no calendário, como aulas de recuperação em janeiro. A pasta ainda não definiu se haverá reprovação ou aprovação automática, como no ano passado.

— Nós precisamos fazer um recorte. A maior infrequência vem no aluno da segunda série do Ensino Médio, que ano passado estava no primeiro ano e houve a aprovação automática. Nós estamos focados neles, nessa busca para que a gente possa resgatar esse aluno. Algo em torno de 20% entre os que estão em infrequência.

Também na próxima segunda-feira, o governador do Rio, Claudio Castro, vai anunciar um programa para intensificar a busca ativa.

— Essa presença em sala de aula é um grande ganho para o aluno. E aí a gente, efetivamente, vai conseguir diagnosticar qual é o tamanho disso tudo que aconteceu, por isso esse pedido para que eles voltem. Nós preparamos a escola como um lugar seguro, com toda a infraestrutura, com toda a capacitação, as escolas estão prontas, preparadas, organizadas, sanitizadas para poder receber os nossos alunos — destacou Valle.

Mais aulas de reforço

Desde o ano passado, com o início do ensino de forma totalmente remota, alunos relataram problemas enfrentados para acesso ao conteúdo digital e para obter equipamentos, como tablets e celulares, para acompanhar as aulas. Nesta quarta, Alexandre Valle afirmou que para o nivelamento dos estudantes haverá, entre outras ações, aulas em canais de televisão, novos conteúdos para aplicativos e até em rádios.

— Começamos esse mês ainda em canal de TV. Nós temos, aproximadamente, mais de 30 aulas gravadas, inclusive com intérprete de Libras e estamos aguardando só fechar a questão contratual para iniciar. O projeto, praticamente, do ponto de vista pedagógico, está pronto.

O planejamento para as aulas na rede considera, entre outros pontos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado em novembro para os estudantes do terceiro ano do Ensino Médio. A pasta deve anunciar nos próximos dias ações, como reforço e apoio com foco no exame.

  • Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME
Acompanhe tudo sobre:Educação no BrasilEnsino públicoEscolasPandemiaRio de Janeiro

Mais de Brasil

Apesar da alta, indústria vê sinal amarelo com cenário de juros elevado, diz economista do Iedi

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência