Aproximadamente 185 milhões de entregas ficaram atrasadas com a greve (Lia Lubambo/ Arquivo EXAME)
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2011 às 21h09.
Os funcionários dos Correios voltam ao trabalho nesta quinta-feira, mas a distribuição de correspondências atrasadas ainda deve demorar um mês para ficar em dia, segundo os próprios trabalhadores. De acordo com o comando de greve da categoria, a justificativa para a demora não é apenas o período de 28 dias em que os trabalhadores ficaram parados. “Para que o serviço fosse feito a contento, precisaríamos de 20.000 carteiros a mais do que o número atual”, afirma Evandro Leonir, um dos diretores da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A direção dos Correios contesta a informação e afirma que em dez dias a correspondência estará novamente em dia. Durante a greve, cerca de 185 milhões de entregas ficaram atrasadas.
A categoria não pretende desobedecer a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que definiu, nesta terça-feira, multa de 50.000 reais por dia em caso de descumprimento. Os 35 sindicatos regionais vão se reunir até a quinta para esclarecer os trabalhadores sobre o resultado da paralisação. Eles terão reajuste de 6,87% nos salários e um aumento linear de 80 reais, conforme a última proposta apresentada pela Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). “Infelizmente não ficou como a gente queria, mas também não foi tão favorável à empresa. Então o jogo terminou empatado e não saímos com sentimento de derrota”, comentou José Gonçalves de Almeida, o Jacó, diretor do comando de greve.
A ECT queria que os dias parados fossem descontados do salário dos grevistas e que a greve fosse considerada abusiva. O Tribunal, no entanto, determinou que 21 dias serão repostos com trabalho nos finais de semana e o corte na remuneração será referente a apenas sete dias. Os ministros também consideraram que não houve abuso, já que a entrega de correspondências não é um serviço essencial.
Irritação
De acordo com Jacó, a categoria sai da greve decepcionada com a falta de habilidade do governo federal nas negociações. “A presidente Dilma Rousseff sequer se manifestou e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, parecia querer jogar gasolina na fogueira com afirmações que não ajudaram em nada”, criticou. “Nos sentimos traídos com o tratamento dado pelo governo que muitos de nós ajudamos a eleger”.