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Entrega da Linha 5 do Metrô de SP vai atrasar de novo

A entrega estava prevista para dezembro, mas deve atrasar pelo menos mais quatro meses

Estação do Brooklin, linha 5 lilás do metrô de SP (CPTM/Facebook/Divulgação)

Estação do Brooklin, linha 5 lilás do metrô de SP (CPTM/Facebook/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de novembro de 2017 às 10h46.

São Paulo - A conexão da Linha 5-Lilás da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) com o restante da rede metroviária, prevista para ocorrer até dezembro, vai atrasar ao menos mais quatro meses. Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, apontou problemas na execução de obras entre as futuras Estações Eucaliptos e Moema e disputas administrativas entre empresas que fariam o acabamento das Estações Santa Cruz (ligação com a Linha 1-Azul) e Chácara Klabin (ligação com a Linha 2-verde).

"Temos as sete estações em obras, com 4,3 mil funcionários trabalhando e temos os cronogramas que pretendemos cumprir agora: entregar em janeiro a Estação Eucaliptos; em fevereiro, Moema, AACD-Servidor e Hospital São Paulo; em abril as duas integrações, Santa Cruz e Chácara Klabin; e em dezembro, Campo Belo", relatou Pelissioni. Anteriormente, as estações estavam previstas para dezembro, exceto a Estação Campo Belo, que ficaria para 2018.

É mais um adiamento no cronograma da obra, cuja promessa original de entrega era 2014. Logo no início, porém, os serviços foram suspensos por suspeitas de ação de cartéis tanto nas obras civis quando no fornecimento dos trens - os processos ainda estão na Justiça.

Posteriormente, previa-se conexão para 2015 - alterado depois para 2016, 2017 e agora 2018. Ainda assim, as obras devem ser entregues pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), antes do prazo para sua desincompatibilização - caso venha a ser candidato a presidente - em abril.

O secretário explica que, entre Eucaliptos e Moema, houve um atraso de dois meses em obras das empresas Tiisa e Heleno da Fonseca, que atuam em consórcio, o que acabou afetando as obras de túneis de ventilação de segurança. "Já nas interligações, tivemos de contratar uma empresa para executar o acabamento e tivemos recursos administrativos e judiciais na licitação. Tentamos a todo o custo manter a meta, mas para manter a segurança vimos que não seria possível."

O consórcio, segundo o Metrô, foi multado em R$ 4,6 milhões. A reportagem procurou as empresas, mas não conseguiu localizar a assessoria de imprensa da Tiisa. Na Heleno, o Estado pediu posicionamento, mas os responsáveis não se pronunciaram até 23 horas.

Outro tema relacionado à Linha 5 ainda indefinido é a concessão do ramal, associado ao monotrilho da Linha 17-Ouro, à iniciativa privada. O edital está suspenso por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que atendeu a pedido da bancada do PT na Assembleia. "Todos os esclarecimentos já foram prestados", diz Pelissioni.

Enquanto isso, a população se mostra impaciente com a demora da obra. "Se tivesse metrô, eu já estaria em casa em vez de ficar parado, em pé, esperando o único ônibus que me leva em casa", diz o consultor de vendas Fábio Henrique Sousa, de 33 anos, que aguardou o coletivo ontem por mais de uma hora. Iria de Moema, na zona sul, onde trabalha, até o Jardim Ângela, também na zona sul.

Demais obras

Pelissioni afirma que o restante das obras em execução no Metrô estão dentro dos prazos. A próxima inauguração, prevista para dezembro, é da Estação Higienópolis-Mackenzie, da Linha 4-Amarela, na região central da cidade.

Valorização

Da janela de seu apartamento, a aposentada Sotiria Tassopoulous, de 71 anos, observa as transformações no distrito de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, há 39 anos. "Aumentou muito (o número de prédios). Daqui, eu conseguia ver todo o Morumbi."

Para ela, a inauguração da Estação Borba Gato, da Linha 5-Lilás, em setembro deste ano, também fez crescer o número de pedestres, o que ela espera que se intensifique com a conclusão de obras de edifícios residenciais na região. "Não vejo a hora. Vai ter mais gente morando", diz.

Segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), as zonas de valor das novas estações de Metrô (Brooklin, Chácara Santo Antônio e Santo Amaro) tiveram 13.701 apartamentos lançados entre 2014 e 2016, o que representa 17,9% do total da cidade no período. Um dos diretores da empresa, Reinaldo Fincatti, aponta que a abertura do uma estação resulta em uma valorização de 10 a 30% nos imóveis do entorno.

O impacto pode atingir também aos imóveis antigos, já disponíveis na região. Com um apartamento aberto para locação desde setembro de 2016 no Jardim das Acácias, bairro do Brooklin, o auditor Miguel Sanchez, de 45 anos, começou a receber mais propostas após a abertura da estação e está prestes a fechar um contrato com um engenheiro, que vai dividir o imóvel com um amigo.

As novas estações estão localizadas em uma "zona de valorização contínua", de acordo com definição do professor de Arquitetura e Urbanismo da Mackenzie, Antonio Claudio Fonseca. Professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), João Meyer observa que "é uma região em que predominou mais uma ocupação de um padrão tipo família, em termos de prédios residenciais. Com o metrô, aumenta o interesse de um público mais jovem e de famílias menores".

Entre 2008 e 2016, o valor do metro quadrado dos lançamentos no distrito do Brooklin cresceu 75%, alcançando R$ 12.649, de acordo o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi). O aumento está acima da média da capital, de 44,2% para o mesmo período, em valores corrigidos pela inflação.

Locatária de um apartamento a uma quadra da Estação Brooklin, a cirurgiã dentista Fernanda Zanetti, de 23 anos, paga cerca de R$ 2.900 de aluguel. "Não acho (que vai aumentar), tenho certeza, mas aí não vou poder ficar. Com a crise, fica difícil."

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