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Entre Moro, Guedes e Flávio Bolsonaro, uma agenda dividida em 2020

A agenda de reformas e desestatizações precisa continuar avançando, mas vai se sobressair às investigações sobre o filho do presidente?

Moro e Bolsonaro: o ministro é mais popular que o presidente (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

Moro e Bolsonaro: o ministro é mais popular que o presidente (Marcos Corrêa/PR/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2020 às 06h44.

Última atualização em 6 de janeiro de 2020 às 07h30.

São Paulo — Bastaram cinco dias corridos em 2020 para que as divisões que tomaram o governo em 2019 voltem a dar o tom das discussões políticas no novo ano. Quem vai dominar a agenda em 2020?

Uma das primeiras dúvidas é o papel do ministro da Justiça, Sergio Moro, com o avanço das investigações sobre Flávio Bolsonaro, senador e filho do presidente Jair Bolsonaro. Uma pesquisa divulgada neste domingo pelo Datafolha mostra que Moro é a personalidade pública em que os brasileiros mais confiam — 33% dizem ter alta confiança em Moro, ante 22% em Bolsonaro.

A diferença entre Moro e Bolsonaro, segundo analistas, pode estar ligada à impressão de que o ex-juiz é mais rigoroso que o presidente no combate à corrupção. A divisão ganhou um novo capítulo no fim de 2019, quando Bolsonaro aprovou o pacote anticrime com uma novidade criada pelo Congresso, o juiz de garantias — um novo magistrado que ficaria responsável por acompanhar os processos.

A novidade foi vista por críticos ao governo como uma tentativa de blindar as investigações contra Flávio. Líder do Movimento Brasil Livre (MBL) e deputado federal (DEM-SP), Kim Kataguiri afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo e ao portal UOL que o presidente “usa a estrutura do Estado para proteger o filho”. Em transmissão no Facebook, ontem, Bolsonaro disse que o juiz de garantias não é um ataque à operação Lava-Jato.

Ainda na pauta de combate à corrupção, um focos do Congresso na volta aos trabalhos deve ser restabelecer a prisão após condenação em segunda instância — uma demanda que ganhou força após a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma contrapartida, como informa a Folha, pode ser enterrar a proposta que prevê o fim do foro especial para autoridades, um jeito de blindar deputados e senadores (a proposta limitaria o foro aos presidentes das duas casas).

Enquanto esses temas tomam a agenda pública neste início de ano, fica a dúvida de qual será a dedicação do parlamento à agenda de reformas, que já estaria naturalmente comprometida com as eleições municipais do segundo semestre. Como mostra a edição de fim de ano da revista EXAME, o trio composto por Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Salim Mattar (Desestatizações) deve ser fundamental para o sucesso do segundo ano do governo. Para isso, eles terão que impor sua agenda — como mostraram os primeiros dias do ano, concorrência não há de faltar.

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