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Entre Congonhas e tilápias, o vale-tudo pelos 263 votos

ÀS SETE - É hora de Temer acelerar as negociações, as emendas e os afagos a aliados para garantir um sepultamento tranquilo da segunda denúncia da PGR

MICHEL TEMER: o governo negocia até tirar o aeroporto de Congonhas da lista de privatizações, segundo o jornal Folha de S. Paulo / Beto Barata/PR/Divulgação (Beto Barata/PR/Divulgação)

MICHEL TEMER: o governo negocia até tirar o aeroporto de Congonhas da lista de privatizações, segundo o jornal Folha de S. Paulo / Beto Barata/PR/Divulgação (Beto Barata/PR/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2017 às 07h05.

Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 07h29.

O presidente Michel Temer tem nesta sexta-feira um evento sob medida para manter as aparências de normalidade. Às 15h o presidente inaugura o maior abatedouro de peixes do Brasil, em Palotina, no Paraná. Mas o que importa mesmo é a ordem que o presidente deixou a seus interlocutores políticos antes de deixar Brasília ontem.

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É hora de acelerar as negociações, as emendas e os afagos a aliados para garantir um sepultamento tranquilo da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República.

A votação está marcada para a próxima quarta-feira, na Câmara, e o governo quer manter o placar conquistado na primeira denúncia, quando teve 263 votos favoráveis. É o índice Temer, que aliados juram estar garantido, e opositores garantem que não vai se repetir.

O problema, para o Brasil, é o que o governo vem fazendo para chegar lá. Há medidas prosaicas, como a exoneração de ministros para que possam engrossar o caldo governista na Câmara. Elas devem aparecer nesta sexta-feira no Diário Oficial da União. Entre eles estarão Antonio Imbassahy, o articulador político do Planalto, que ainda deve aproveitar sua volta à Câmara para negociar emendas visando o Orçamento de 2018, ano eleitoral.

Neste vale-tudo para se manter no cargo, Temer aprovou uma nova portaria que regula as ações de combate ao trabalho escravo que ganha novas críticas a cada dia. Fiscais do Ministério do Trabalho começam a sexta-feira de braços cruzados em todos os estados brasileiros. Ontem, procuradores do Ministério Público declararam que não aplicarão a nova legislação, que deve entrar em vigor em 11 de novembro.

A alegação é que ela viola as convenções da Organização Internacional do Trabalho. No limite, a nova portaria, defendida por agricultores e alguns empresários, pode dificultar as negociações comerciais do Mercosul e o pleito do Brasil de entrar na OCDE, o clube de países ricos.

Em mais uma mostra de que está disposto a ir longe para se manter no cargo, o governo negocia até tirar o aeroporto de congonhas da lista de privatizações em troca dos votos do PR, segundo informa o jornal Folha de S. Paulo.

Para um governo que tem defendido com unhas e dentes a importância da iniciativa privata para melhorar a infraestrutura do país, seria uma medida controversa. Mas, pelos 263 votos, vale tudo.

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