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Entre amor e ódio, horário de verão começa à meia-noite

O horário de verão começa à meia-noite deste sábado; a população dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverá adiantar os relógios em uma hora

 (coffeekai/Thinkstock)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de outubro de 2017 às 09h23.

São Paulo - Enquanto parte do Brasil ajusta os ponteiros para o horário de verão, Edemira Colodetti, de 70 anos, nem esquenta a cabeça. É que na casa da aposentada as horas não andam para frente ou para trás só por causa de uma decisão do governo brasileiro. "O horário de verão é inventado pelo homem. Eu sigo o horário de Deus, da natureza."

Desde que o horário de verão passou a ser adotado anualmente, em 1985, Edemira se rebelou contra a convenção e, na casa onde mora com o marido, Jandyr Bellon, de 77 anos, de janeiro a janeiro os relógios seguem o tique-taque normal.

Assim, viverão, a partir da meia-noite deste sábado, com fuso de uma hora em relação a metade do Brasil, incluindo os vizinhos da pequena localidade de Aracê, de pouco mais de 7 mil habitantes, que pertence ao município de Domingos Martins, no sul do Espírito Santo.

"Nunca coloquei no horário de verão. Às vezes, as visitas vêm e falam: 'Peraí, mas ainda é esse horário?' Aí eu já oriento que meu relógio está uma hora atrasado", diz ela. "E eles almoçam no horário da gente", conta Edemira, que ainda prepara a comida - os vegetais que ela mesma colhe no quintal - no antigo fogão à lenha.

A verdade é que, mesmo se ajustassem os ponteiros, Edemira e Jandyr ainda assim viveriam em outro tempo, que, de tão raro, os moradores das capitais têm até dificuldade de imaginar. Aposentado, Jandyr acorda às 3h30 e até as 10 horas já está almoçando. Janta às 16h30 da tarde e dorme com as galinhas.

Para Edemira, até os animais ficam confusos com as modernidades. "Antes, o galo só cantava às 2 horas. Agora, canta a qualquer hora, porque é muita lâmpada acesa", reclama ela, que, apesar de gostar da vida simples na roça, já se rendeu ao WhatsApp e estica o dia para dormir só depois das 21 horas.

De opinião oposta, a administradora Carla Fazanelli é do time dos adoradores do horário de verão. "Gosto porque anoitece mais tarde, dá a impressão de que o dia está mais comprido", diz ela, que criou uma página no Facebook sobre o assunto para dividir o amor que sente pela mudança anual.

O horário de verão começa à meia-noite do sábado. A população dos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste deverá adiantar os relógios em uma hora. A mudança segue até fevereiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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