Brasil

Engenheiro da Odebrecht diz que sabia de codinome de Palocci

O ex-ministro, réu da Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, era citado como "Italiano" em planilha de propina da Odebrecht

Palocci: a Procuradoria da República suspeita que o ex-ministro recebeu R$ 128 milhões da empreiteira (Reuters/Reuters)

Palocci: a Procuradoria da República suspeita que o ex-ministro recebeu R$ 128 milhões da empreiteira (Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de março de 2017 às 16h21.

Última atualização em 6 de março de 2017 às 16h22.

São Paulo - O engenheiro civil Fernando Sampaio Barbosa, executivo ligado à Construtora Norberto Odebrecht, declarou nesta segunda-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro, que "a gente sabia" que o codinome 'Italiano', que aparece em uma planilha de propinas da empreiteira, era uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil/Governos Lula e Dilma).

O ex-ministro é réu da Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Palocci foi preso em 26 de setembro na Operação Omertà, 35.ª fase da Lava Jato.

A Procuradoria da República suspeita que Palocci recebeu R$ 128 milhões da empreiteira e que parte desse dinheiro teria sido destinada ao PT.

"A gente sabia que o 'Italiano' era o Palocci", declarou Fernando Barbosa, que prestou depoimento como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht (também réu no processo), por meio de videoconferência em São Paulo.

Moro o questionou: "A gente sabia quem?"

"Eu sabia", devolveu o executivo. "Eu tinha sido informado pelo Márcio Faria (outro executivo da Odebrecht)."

Nesta ação, também são acusados Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, o próprio Marcelo Odebrecht e outros 12 investigados por corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro relacionados à obtenção, pela Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.

O juiz da Lava Jato quis saber de Fernando Barbosa por que Palocci era chamado de 'Italiano' e não pelo nome. A testemunha declarou não saber.

O magistrado perguntou, então: "Italiano, quando se faz referência nesses e-mails da Odebrecht, é Antônio Palocci?"

"Eu tinha esse conhecimento", afirmou o empreiteiro.

Moro questionou o executivo sobre a maneira como Palocci estaria envolvido na compra de sondas.

Barbosa disse que "esse contrato" não fazia parte de seu escopo. "Provavelmente, era a relação que Marcelo tinha com ele. Mas eu não participava nem sugeri nenhuma estratégia nesse sentido."

No fim do depoimento, o advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-ministro, questionou Barbosa sobre "ter ouvido dizer através de não sei quem que o 'Italiano' seria Antônio Palocci, pessoa que ele não conhece e com quem ele nunca esteve".

O executivo disse que "ouviu dizer por colegas da empresa que 'Italiano' era o Palocci". "Não estive com ele, não conheço ele. Essa é a verdade", afirmou.

Defesa

O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, declarou taxativamente: "O sr. Fernando Barbosa jamais afirmou ter conhecimento de que 'Italiano' fosse Antônio Palocci. Induzido a falar que teria ouvido dizer que poderia ser Palocci ele acabou dizendo que teria ouvido de terceiros que o 'Italiano' poderia, entre outras pessoas, ser o Palocci. Isso é bem diferente de afirmar que Palocci era o 'Italiano'."

Batochio enfatizou. "Eu reitero que o sr. Fernando Barbosa disse que 'ouviu dizer de terceiros' que o 'Italiano' poderia ser Palocci. Ele esclareceu que não sabia de conhecimento próprio que 'Italino' é Palocci, que ouviu por terceiros na empresa."

O criminalista concluiu. "O filósofo Cujacio disse que 'o que não é inteiramente verdadeiro é inteiramente falso'. Eu digo: nada é mais verdadeiro."

Acompanhe tudo sobre:Antonio PalocciMinistério da Casa CivilNovonor (ex-Odebrecht)Operação Lava Jato

Mais de Brasil

Presidente Lula discute sobre Enel com primeira-ministra italiana

Gás mais barato? Brasil deve assinar acordo com Argentina para ampliar importação, diz Silveira

Eduardo Suplicy diz que está em remissão de câncer após quatro meses de tratamento

Presidente turco viaja ao Brasil com intenção de defender a Palestina no G20