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Enchentes causam mais de R$ 10 bilhões em prejuízos ao Rio Grande do Sul, mostra relatório

Impactos das inundações causaram danos em 478 dos 497 municípios gaúchos, ou seja, 96% do total

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 25 de julho de 2024 às 14h47.

As enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano resultaram em danos estimados em R$ 10 bilhões para o estado, mostra o Global Catastrophe Recap Report, divulgado pela Aon, consultoria global de gestão de riscos, seguros e resseguros, nesta quarta-feira, 24.

As chuvas intensas que ocorreram no estado, incluindo na região metropolitana de Porto Alegre, destacaram como as infraestruturas locais são vulneráveis e mostraram a urgência de investir em medidas para proteger contra enchentes, diz o documento.

De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de mortes se aproxima de 200. O levantamento do órgão  aponta ainda que 2,398 milhões de pessoas foram afetadas de alguma maneira pela tragédia climática, o equivalente a 22,04% da população do estado que, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, era de 10.882.965 pessoas.

Os impactos das inundações causaram danos em 478 dos 497 municípios gaúchos, ou seja, 96,18% do total. No ápice da crise climática, o estado contabilizou mais de 626 mil pessoas que tiveram que abandonar suas casas de forma temporária ou definitiva e que buscaram moradia em lares de parentes, amigos ou em abrigos emergenciais.

Desastres ao redor do mundo

O relatório da Aon também revela que desastres naturais ao redor do mundo causaram perdas econômicas que ultrapassaram US$ 117 bilhões no primeiro semestre deste ano. O valor representa uma redução em relação à média do século XXI, que foi de US$ 137 bilhões, e uma queda de 48,24% em comparação com os prejuízos registrados no mesmo intervalo de 2023, que totalizaram US$ 226 bilhões.

No primeiro semestre de 2024, a lacuna de cobertura de seguros diminuiu para 50%, o que equivale a aproximadamente US$ 59 bilhões. Isso significa que metade dos prejuízos causados por danos de tempestades severas foi coberta por seguros, o que é uma das taxas mais baixas já registradas — a redução ocorreu devido aos altos valores pagos pelos seguros para compensar os danos causados pelos eventos climáticos.

"É crucial que a indústria de seguros continue seus esforços para aumentar os níveis de seguros nos mercados emergentes, fornecendo não apenas capital e capacidade, mas também dados e análises avançadas para qualificar e quantificar o risco e, em última instância, tomar melhores decisões", afirma Isabel Blazquez Solano, CEO de Resseguros da Aon no Brasil.

Em nível global, as perdas econômicas cobertas por seguros nos primeiros seis meses deste ano alcançaram pelo menos US$ 58 bilhões. Esse valor é maior do que a média observada ao longo do século XXI, que foi de US$ 39 bilhões, mas inferior aos últimos três anos, quando as perdas seguradas no mesmo período ultrapassaram US$ 60 bilhões.

Além disso, o total de fatalidades causadas por desastres naturais foi estimado em mais de 6.000 pessoas — o número é significativamente inferior às médias históricas de longo prazo e representa o menor índice desde 2020.

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