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Empresas fazem acordo para acelerar retirada de caminhões velhos das estradas

Empresas fazem acordo para acelerar retirada de caminhões velhos das estradas

Medidas de Fomento à Produção e ao Uso Sustentável do Biometano (José Cruz/Agência Brasil)

Medidas de Fomento à Produção e ao Uso Sustentável do Biometano (José Cruz/Agência Brasil)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 22 de agosto de 2023 às 16h00.

Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 16h41.

As empresas Gerdau, Vamos e Volkswagen Caminhões e Ônibus anunciaram, nesta terça (22), uma parceria para acelerar a retirada de caminhões velhos das ruas e facilitar a implantação de um programa do governo.

As concessionárias do grupo Vamos, como a rede Transrio, passarão a comprar os veículos dos proprietários e pagá-los em dinheiro, para ajudar a resolver um dos gargalos do programa: poucos donos de caminhões antigos têm condições de financiar um modelo zero km, que pode custar dez vezes mais. 

Em junho, o governo Lula criou um programa de renovação de frota via medida provisória, que também incluiu carros de passeio. Para caminhões, a iniciativa dá vouchers de R$ 33 mil a R$ 80 mil para quem tirar de circulação caminhões com mais de 20 anos de fabricação. O desconto pode ser usado para abater impostos na compra de caminhões novos, pois dá créditos fiscais às montadoras. 

Para obter o desconto, é preciso dar baixa do veículo antigo no Detran e enviá-lo para ser desmontado e reciclado. A empresa sucateadora emite um certificado de que aquele caminhão foi desmobilizado e esse documento permite o acesso ao benefício fiscal. No entanto, o desconto obtido é pequeno perto do valor de um caminhão novo: um modelo zero km de ponta pode chegar a custar R$ 800 mil. 

"A maioria dos donos de caminhões com mais de 20 anos são autônomos, que acabam ficando reféns do veículo, pois tem dificuldade para vendê-lo no mercado e não tem condições para financiar ou pagar as parcelas de um veículo zero", comenta Gustavo Couto, CEO da Vamos. “Com um caminhão velho, também acabam pegando os piores fretes.”

A Vamos passou então a comprar os caminhões antigos dos donos e pagar o valor do desconto a eles em dinheiro. Além disso, criou um programa para facilitar o financiamento de caminhões seminovos. “O caminhoneiro tem um ganho ao trocar um veiculo de 30 anos por um de 10, que ele consegue pagar”, diz Couto.

Em seguida, a Vamos encaminha os veículos para serem desmontados pela Gerdau e, com o certificado de desmonte, consegue obter desconto para comprar unidades novas junto à Volkswagen.

“A Gerdau recicla anualmente 11 milhões de toneladas de sucata metálica, o equivalente ao volume de carros produzidos em um período de cinco anos. O aço é infinitamente reciclável e, para cada tonelada de sucata reciclada, é evitada a emissão de 1,5 tonelada de CO2", afirma Rubens Pereira, vice-presidente da Gerdau.

Até quando vai o desconto para caminhões

O programa do governo, no entanto, é temporário: só vale até que se esgote o total de R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus. A procura tem sido baixa: até 7 de agosto, o programa havia liberado apenas R$ 100 milhões para caminhões e R$ 170 milhões para ônibus, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria.

Couto, do Vamos, avalia que os R$ 700 milhões devem permitir a retirada de um total entre 10 mil e 12 mil caminhões antigos das estradas. No entanto, ele aponta que há cerca de 1,5 milhão de unidades sendo usadas por autônomos, e que a maioria delas tem mais de 20 anos. A idade média da frota de caminhões no país é de 20 anos, o dobro do registrado nos Estados Unidos e na Europa.

"Estamos advogando junto ao governo que este programa deveria perene. Além de renovar a frota, ele vai fomentar a produção e o emprego, em uma situação de mercado que está muito difícil", diz Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Cortes comenta que a produção este ano está 30% menor do que em 2022, principalmente por conta da adoção obrigatória no Brasil de motores com padrão euro 6. O novo modelo polui menos mas encarece o preço final entre 15% a 20%. No ano passado, frotistas correram e anteciparam compras de caminhões ainda com o padrão euro 5, o que reduziu a demanda este ano. "Esperamos fatores melhores no segundo semestre, como a melhora da situação macroeconômica e do nível da taxa de juros", projeta.

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