Ministro Manoel Dias fala sobre a exoneração do secretário executivo, Paulo Roberto dos Santos Pinto, um dos investigados na Operação Esopo (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2013 às 06h34.
Brasília - Relatório da operação Esopo, obtido pelo Grupo Estado, diz que empresas de fachada, usadas no esquema de desvio de recursos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), receberam mais de R$ 10 milhões.
Elas serviriam apenas para emprestar seus dados e contas bancárias para o saque de "quantias milionárias" pelo grupo investigado. A Gráfica Indianara, com sede em Congonhas (MG), teria recebido R$ 2 milhões sem ter nenhum funcionário ou movimentação financeira.
A Polícia Federal (PF) prendeu nesta segunda-feira, 9, 22 pessoas, acusadas de fraudes em convênios do ministério e de vários estados com a Oscip Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC).
Um dos investigados, o secretário-executivo do MTE, Paulo Roberto dos Santos Pinto, é suspeito de ignorar irregularidades da entidade e determinar à Controladoria-Geral da União (CGU) que a retirasse do cadastro de proibidas de receber recursos federais. Ele pediu nesta terça-feira, 10, demissão do cargo. O subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, Nilton Fraiberg Machado, substituirá Paulo Pinto interinamente.
Conforme o inquérito da Operação Esopo, o IMDC assediava servidores e autoridades públicas para conseguir convênios de programas como o Pró-Jovem. Os serviços eram superfaturados ou nem sequer prestados. Nos cálculos da PF, o esquema pode ter desviado R$ 400 milhões. Deivson Oliveira Vidal, do IMDC, deixou um salário de R$ 800 na Federação da Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) para se tornar presidente da entidade e enriquecer, segundo as investigações.
Em depoimentos prestados à PF na cadeia, ex-prefeitos disseram que o deputado federal Ademir Camilo (MG), que deixou o PDT para se filiar ao PSD, era quem conseguia liberar recursos para municípios do Norte de Minas que contratavam o IMDC. Assessor do parlamentar até julho, Marcos Vinícius da Silva atuava junto às prefeituras para facilitar as parcerias com a entidade e agilizar pagamentos, conforme o inquérito. Considerado foragido, ele foi demitido pelo parlamentar depois que outra operação da PF, a Violência Invisível, ligá-lo a esquema de falsificação de precatórios judiciais e venda desses títulos podres a prefeituras.
Suspeito de receber propina para favorecer o IMDC, o ex-prefeito de Januária (MG) Maurílio Neris afirmou que a verba para a cidade foi indicada pelo deputado, que teria "forte influência na entidade". O ex-prefeito de São João da Ponte Fábio Cordeiro disse à PF que conheceu o Pró-Jovem em reunião com o parlamentar e que ele era quem "tratava com o ministro Carlos Lupi (que deixou o cargo em dezembro de 2011) a respeito da liberação da verba". José Antônio da Rocha, que comandou a Prefeitura de São Francisco, contou que "Camilo foi quem conseguiu a verba que resultou na contratação do IMDC".
O deputado não está entre os investigados. Ele negou ter "influência" no IMDC e disse que pediu verbas para as cidades de Minas, de forma "global", e "não para a entidade". Segundo Camilo, o assessor Marcos Vinícius não tinha sua autorização para fazer nenhuma intermediação. O advogado do ex-assessor não foi localizado pela reportagem.