Controladoria-Geral da União (CGU): ao relatar o possível desvio à CGU, a Bilfinger espera poder continuar a operar no Brasil (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2015 às 16h18.
São Paulo - A empresa alemã de engenharia Bilfinger se tornou a primeira companhia internacional a revelar ao governo que pode ter pago propinas enquanto busca um acordo de leniência nos termos da nova lei anticorrupção, disse o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, nesta quinta-feira.
Ao relatar o possível desvio à CGU, a Bilfinger espera poder continuar a operar no Brasil, explicou Simão, embora possa ter que ressarcir eventuais danos mesmo assim.
"Ela (empresa) sabe que vai ser punida no Brasil; ela não está isenta das multas”, afirmou Simão em uma conferência em São Paulo, acrescentando que, em troca, a empresa pode ter garantido o direito de atuar no país.
Segundo a nova lei, que entrou em vigor em janeiro de 2014, as companhias condenadas por suborno podem ser proibidas de firmar contratos no futuro.
Em março, a Bilfinger declarou que pode ter pago 1 milhão de euros a servidores públicos em conexão com encomendas de telões para centros de controle de segurança durante a Copa do Mundo do ano passado.
Na ocasião, a empresa disse em comunicado que estava realizando uma investigação interna e colaborando com as autoridades brasileiras.
Cinco empresas estão pleiteando acordos de leniência com a CGU, revelou Simão, acrescentando que tais pactos são “uma novidade” no país. Quatro delas estão ligadas ao escândalo de corrupção da Petrobras, segundo ele.
A CGU está investigando 29 firmas de engenharia pela suposta formação de um cartel para combinar preços de contratos e repassar propinas para políticos e partidos.
À medida que o escândalo se aprofundou nos últimos meses, projetos vitais de infraestrutura foram suspensos ou cancelados, alguns fornecedores passaram a lutar contra a falência e as demissões já chegaram às dezenas de milhares.
No mês passado, a Engevix Engenharia disse que está caminhando para fechar um acordo deste tipo, e em março a empresa holandesa de aluguel de plataformas de petróleo SBM Offshore declarou ter concordado com o esboço de um acordo depois de ser condenada por suborno na Holanda.
Com os acordos de leniência, a CGU espera identificar mais pagamentos de suborno, obter provas de atividades criminosas e recuperar fundos roubados, disse Simão.
As companhias que assinarem os entendimentos podem ter multas em potencial reduzidas em até dois terços.