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Empresa que venderá bilhetes no Rio/2016 é investigada

A CTS Eventim é suspeita de ter pago propinas para ficar com contratos para a Copa


	Material da Copa apreendido: empresa também é suspeita de colocar no mercado negro 52 mil ingressos da Copa de 2006
 (Polícia Civil do Rio de Janeiro)

Material da Copa apreendido: empresa também é suspeita de colocar no mercado negro 52 mil ingressos da Copa de 2006 (Polícia Civil do Rio de Janeiro)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2014 às 07h21.

Genebra - A empresa que ganhou o contrato milionário para realizar as vendas de ingressos para a Olimpíada de 2016, no Rio, é suspeita de ter pago propinas para ficar com contratos para a Copa do Mundo. Em troca, colocou milhares de ingressos no mercado negro para recompensar cartolas.

Em setembro, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que a CTS Eventim foi a vencedora da licitação para o evento no Brasil, com a responsabilidade de vender os nove milhões de ingressos do evento. Há alguns dias, o Ministério Público de Munique, na Alemanha, indicou que a Justiça a investiga por pagamento de propinas e por colocar no mercado negro 52 mil ingressos da Copa de 2006.

A empresa, selecionada em um processo público de concorrência, do qual participaram companhias nacionais e estrangeiras, desenvolverá o sistema de venda de ingressos online, controle de acesso, estrutura de call center para atendimento ao público e bilheteria.

A reportagem apurou que o CEO da empresa, Klaus-Peter Schulenberg, está sendo investigado em Munique. A suspeita é de que ele teria fechado um acordo com o ex-diretor da Federação Alemã de Futebol, Willi Behr. Pelo entendimento, a companhia ficaria com o contrato para a Copa de 2006, na Alemanha, avaliado em 270 milhões de euros. Em troca, 52 mil ingressos seriam usados no mercado negro, com lucros milionários. A investigação está ocorrendo no Ministério Púbico de Munique desde 2009, sob a suspeita de "pagamento de propinas". Em 2012, a sede da empresa chegou a ser alvo de uma ação da polícia, assim como a sede da Federação.

Parte dos documentos foram obtidos e publicados pelo jornal alemão Welt am Sonntag e apontam para um acordo entre o empresário e o cartola. A suspeita é de que o cartola tenha desenhado ele mesmo a proposta da CTS para a licitação, garantindo a sua vitória em 2004.

A empresa nega o crime. "Neste momento, a companhia não responderá a perguntas específicas sobre o assunto", disse à reportagem o porta-voz Matthias Michael. "A CTS Eventim não comenta investigações em andamento e a companhia tem certeza que sempre agiu dentro da lei".

COMPENSAÇÃO - Por ter dado o contrato de 270 milhões de euros para a empresa, os documentos sugerem que Behr recebeu um empréstimo de 500 mil euros, além de acesso a 52 mil ingressos que não foram vendidos. Essas entradas deveriam ser destinadas a patrocinadores. Esses ingressos então foram ao mercado negro, graças aos serviços da empresa O & P Event Marketing, de Munique. Em média, os valores eram 329% superiores ao preços originais. Os lucros totais foram de 12 milhões de euros.

A O & P ficou com 3 milhões de euros. Mas parte do dinheiro voltou aos cartolas e empresários por meio de falsas notas de consultorias.

As relações entre a O & P e a CTS são importantes. O gerente-geral da empresa que colocou os 52 mil ingressos no mercado negro é também gerente de uma subsidiária da CTS. Maior empresa do setor na Europa e vendendo 100 milhões de ingressos para 180 mil eventos por ano, a CTS foi responsável pela Copa de 2006 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de 2006 e 2014. (colaborou Fausto Macedo, de São Paulo)

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