A Polícia Federal apura suposta relação ilícita entre uma fabricante de caminhões e tanques de combustíveis com a BR Distribuidora (Agência Petrobras)
Talita Abrantes
Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 17h41.
São Paulo - A fabricante de tanques de combustíveis ARXO, de Santa Catarina, está na mira das investigações da Polícia Federal nesta quinta-feira na nona fase da Operação Lava Jato. Dois executivos da empresa foram detidos temporariamente hoje e outro deve se entregar amanhã.
Segundo informações da assessoria de imprensa da empresa, o setor administrativo da ARXO está com as atividades suspensas neste momento para que funcionários possam prestar as informações solicitadas pela Polícia Federal.
Em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje em Curitiba (PR), a PF afirmou que está investigando ações ilícitas entre uma grande empresa de Santa Catarina e a BR Distribuidora. De acordo com a PF, a empresa é fabricante de tanques e combustíveis.
A ARXO foi fundada em 1967 e fica no Balneário de Piçarras. Segundo balanço da PF, dois mandados de prisão estão sendo cumpridos no local. Veja onde fica a empresa:
Para este ano, a companhia projeta um faturamento de 196 milhões de reais. Em outubro do ano passado, a empresa fechou um contrato de 85 milhões de reais com a BR Distribuidora. A empresa é dona de 7 em cada 10 tanques de combustível do país.
Nona fase da Lava Jato
No total, são cumpridos 62 mandados judiciais - um de prisão preventiva, três de temporária, 18 de condução coercitiva e 40 de busca e apreensão.
Os mandados são cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
Veja onde são cumpridos os mandados judiciais:
SP - 10 mandados de busca e 2 de condução coercitiva (todos na capital);
RJ – 12 mandados de busca, 8 de condução coercitiva e 1 de prisão preventiva (todos na capital);
BA – 2 mandados de busca e 1 de condução coercitiva (todos na capital);
SC – 16 mandados de busca, 7 de condução coercitiva e 3 de prisão nas cidades de Itajaí, Balneário Camboriú, Piçarras, Navegantes, Penha e Palmitos.
O tesoureiro do PT João Vaccari Neto é um dos detidos nesta quinta-feira. Ele teria se recusado a abrir a porta para os agentes da Polícia Federal, que tiveram que pular o muro. Vaccari Neto é um dos citados nos depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato.
Os investigadores afirmaram, durante a entrevista coletiva, que a nova fase apura a atuação de 11 novos operadores de esquemas de pagamento de propina. Eles teriam funções semelhantes à do doleiro Alberto Youssef, que tinha a atribuição de lavar o dinheiro usado no esquema.
Veja íntegra da nota da ARXO sobre o assunto:
"A ARXO informa que o setor administrativo da empresa está com atividades suspensas, no momento, para que nossos profissionais possam prestar informações solicitadas pela Receita e Polícia Federal. A intenção da empresa é contribuir com o trabalho das autoridades, ajudando-os com todo e qualquer esclarecimento necessário. A produção fabril opera sem alterações"