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Brasil e Arábia projetam US$ 20 bi de negócios até 2030; acordo inclui carros voadores da Embraer

Entre os entendimentos está o desenvolvimento do carro voador da companhia brasileira. Países buscam crescer em 150% comércio bilateral

Reunião entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em Riad (Ricardo Stuckert/Divulgação)

Reunião entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em Riad (Ricardo Stuckert/Divulgação)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 11h04.

Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 11h58.

A reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Arábia Saudita nesta quarta-feira, 29, com o primeiro-ministro do país, Mohammed bin Salman, em Riad, começa a render anúncios de investimentos. O primeiro deles é que a Embraer, gigante do setor aeroespacial brasileiro, assinou três acordos de cooperação com o governo e empresas daquele país. No total, Lula e bin Salman estimam que as transações comerciais entre os dois países podem saltar dos atuais 8 bilhões de dólares para 20 bilhões de dólares até 2030.

No caso da Embraer, cujos detalhes serão revelados na tarde desta quarta-feira, os memorandos de entendimento assinados "permitirão à empresa estabelecer diversas linhas de colaboração e iniciativas conjuntas, públicas e privadas, expandindo oportunidades de investimento e parcerias com a indústria local, além de incrementar exportações a partir do Brasil". 

Os acordos são: 

1. Memorando de entendimento de Cooperação e Parcerias com o Governo saudita (Ministério de Investimento da Arábia Saudita e o GACA - Autoridade Aeronáutica saudita)

2. Memorando de entendimento com a SAMI - empresa saudita de Defesa e Segurança

3. Memorando de entendimento da EVE, o "carro voador", com a FlyNas, sobre operações de taxi aéreo naquele país.

Investimentos no Brasil

Na conversa, os líderes das nações falaram sobre os 10 bilhões de dólares que o Fundo Soberano Saudita planeja aplicar no Brasil nos próximos anos. Desse total, 9 bilhões de dólares estão previstos para serem aportados até 2030. Projetos na área de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão entre as possibilidades de investimentos.

De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, (Secom), Lula destacou o potencial do Brasil para a transição energética e ações de combate à crise climática. Ele antecipou ao príncipe que o Brasil vai apresentar na COP 28, em Dubai, avanços no controle do desmatamento e ações conectadas à preservação e proteção das florestas tropicais.

Mohammed bin Salman mencionou a posição do Brasil e da Arábia Saudita como líderes econômicos de suas regiões e sinalizou que esse é um indicativo de que uma parceria mais forte e estratégica entre os dois países será interessante para todos os lados. O líder saudita demonstrou interesse em visitar o Brasil e conhecer especialmente a Amazônia.

O príncipe herdeiro mencionou a importância estratégica da Presidência brasileira do G-20, que se inicia em dezembro. Mohammed bin Salman também ressaltou a entrada da Arábia Saudita no Brics, e afirmou que o país tem interesse em ter uma participação ativa no banco do bloco, o Novo Banco de Desenvolvimento.

Comércio exterior de US$ 1 trilhão

Assim como em evento recente em Brasília, Lula voltou a falar sobre uma meta de que o Brasil comercialize um trilhão de dólares. Atualmente, entre importações e exportações, essa quantia se aproxima de 600 bilhões de dólares.

"Eu acho que se o Brasil assumir a responsabilidade pelo tamanho que tem e pela importância que tem na geopolítica, eu queria dizer aos nossos ministros, aos empresários aqui, a gente pode sonhar em 2030 a gente ter uma balança comercial de US$ 1 trilhão", destacou. Entre janeiro e outubro deste ano, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 80,2 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com aumento de cerca de 60% em relação ao mesmo período do ano passado.

Visita à Amazônia e BRICS

O príncipe herdeiro mencionou a importância da presidência brasileira do G-20, que se inicia em dezembro e ressaltou a entrada da Arábia Saudita no BRICS e seu interesse em ter uma participação ativa no banco do bloco, o NDB.

Convidado pelo presidente Lula, Mohammed bin Salman também demonstrou interesse em visitar o Brasil e conhecer, especialmente, a Amazônia. Ele fez referência ao fato de o Brasil ser um país pacífico e com manifestações culturais muito apreciadas em seu país, além do futebol.

"Os dois líderes e suas respectivas comitivas também manifestaram interesse na construção de um Conselho bilateral, em nível ministerial, que se reúna periodicamente para promover o aprofundamento das relações econômicas e politicas entre os dois países, tema comentado igualmente pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), em contato com a imprensa brasileira presente no país árabe na manhã desta terça", diz trecho de comunicado do governo brasileiro.

Com Agência Brasil.

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