Brasil

Câmara tenta votar reforma política mais uma vez

Em vez de corrigir as falhas de representação, as principais ideias em debate são a aprovação do distritão e do fundo de financiamento público de campanha

Confusão na Câmara: proposta de reforma política visa manter os mesmos congressistas no poder (Wilson Dias/Agência Brasil)

Confusão na Câmara: proposta de reforma política visa manter os mesmos congressistas no poder (Wilson Dias/Agência Brasil)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 9 de agosto de 2017 às 06h37.

Última atualização em 9 de agosto de 2017 às 07h24.

A Câmara dos Deputados faz mais uma tentativa de votar a reforma política nesta quarta-feira. Passada a denúncia contra o presidente Michel Temer, o foco dos parlamentares agora é garantir as condições para sua própria reeleição em 2018. Em vez de pensar a melhor forma de corrigir as falhas de representação, as ideias principais em debate são a aprovação do distritão – sistema em que serão eleitos os deputados federais mais votados em cada estados, favorecendo os nomes reconhecidos e com mandato – e do fundo de financiamento público de campanha, em substituição às doações empresariais.

Às Sete – um guia rápido para começar seu dia

Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:

A discussão estava marcada para ontem na comissão especial que discute a reforma eleitoral, mas havia discordância entre os partidos sobre o texto final do relatório do deputado federal Vicente Cândido (PT-SP). Entre as propostas que suscitam dúvidas estão a extinção das figuras de vice-presidente, vice-governadores e vice-prefeitos, os valores que vão compor o fundo de financiamento de campanhas, que podem passar dos 3,5 bilhões de reais, e a instauração da cláusula de barreira, que deve limitar o número de partidos representados na Câmara.

Na noite de ontem, um jantar foi realizado na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para acertar os ponteiros. Estiveram presentes integrantes do Senado e da Câmara para criar senso-comum com relação às propostas. A ideia é montar um entendimento para evitar que a reforma seja alterada por uma das casas e necessite ser revisada pela outra. O presidente da comissão, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), garante que a tramitação não sofrerá grandes atrasos. Os parlamentares estão perdendo a paciência, pois as alterações precisam estar equalizadas um ano antes das eleições marcadas para outubro de 2018.

Fato é que as motivações do Congresso, de costas para o país, continuam surpreendendo. A reforma política, que deveria ser usada para melhorar ineficaz sistema político brasileiro, ganhou caráter completamente fisiológico e deve ser acertada às pressas, como aconteceu com a reforma trabalhista. Há pouco mais de um mês, a trabalhista foi aprovada pelo Senado mediante um ofício da Presidência que prometia correções por meio de medidas provisórias. Até agora, Temer não editou nenhuma delas. Uma reforma mambembe é tudo o que o Brasil não precisa para limpar o país na próxima vez que for às urnas.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteCâmara dos DeputadosCongressoEunício OliveiraExame HojeGoverno TemerMichel TemerReforma políticareformas

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil