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Em supermercado, Moro é abordado: "Por que o Queiroz não é a pauta?"

Ministro da Justiça tem sido questionado sobre falta de posicionamento a respeito de investigações que atingem funcionário de Flávio Bolsonaro

Sérgio Moro: Ex-juiz não tomou medidas referentes ao caso do ex-assessor (Rafael Carvalho/Governo de Transição/Divulgação)

Sérgio Moro: Ex-juiz não tomou medidas referentes ao caso do ex-assessor (Rafael Carvalho/Governo de Transição/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de janeiro de 2019 às 19h26.

Última atualização em 17 de janeiro de 2019 às 14h25.

São Paulo - Um vídeo que circula nas redes sociais desde a terça-feira, 8, mostra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, sendo cobrado pelo caso de movimentações financeiras suspeitas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz.

A assessoria de Moro confirmou o ocorrido no último domingo, 6, em um supermercado em Brasília. O ministro aparece distante na gravação, em um dos caixas do mercado, enquanto um rapaz grita "Por que o Queiroz não é a pauta? A roubalheira do PT é pauta, a roubalheira do Queiroz, do PSL, não é pauta do governo, ele não pode falar sobre isso?".

Ao lado do homem que gravou o vídeo, aparece outra pessoa, no mesmo caixa, alegando que queria comprar uma garrafa d'água. A assessoria de Moro confirmou se tratar de um dos integrantes da equipe do ministro, que teria tentado evitar o constrangimento.

"Vai me censurar por isso? Disse que queria conversar comigo lá fora? Não, fala aqui. Você não é segurança do Moro? Sua fila é aquela lá", afirma o homem que grava o vídeo, apontando para a direção onde se encontra o ministro.

"Você está sendo desagradável e mal educado com todo mundo aqui", afirma Moro, em seguida. Ao fundo, a voz de uma mulher pede ajuda ao Estado do Ceará, que tem sofrido onda de violência e ataques na última semana e teve o envio da Força Nacional autorizado pelo ministro.

Moro, antes juiz que comandou a Operação Lava Jato e a prisão de envolvidos nos esquemas de corrupção, inclusive do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido questionado sobre a falta de posicionamento a respeito das investigações que atingem o funcionário do filho do presidente Jair Bolsonaro.

Queiroz, que esteve internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após cirurgia para retirada de tumor, não compareceu a duas audiências convocadas pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro. Em entrevista ao canal SBT, no dia 26 de dezembro, alegou que a movimentação de R$ 1,2 milhão em sua conta é originária da venda de carros.

Tanto sua esposa quanto suas filhas, também funcionárias e ex-funcionárias da Alerj no gabinete de Flávio, não deram data para comparecer ao MP-RJ por acompanharem a recuperação de Queiroz em São Paulo.

Também nesta terça, a esposa de Sérgio Moro, Rosangela Moro, postou em sua conta do Instagram uma foto da bandeira do Brasil com a mensagem: "O dia em que todos os brasileiros se conscientizarem que somos um só povo com as mesmas preocupações veremos um grande avanço e estaremos no caminho certo. Parem de reclamar e esperem para ver a que veio este novo governo", escreveu Rosângela. "#bolonaromoroguedes (sic). Redução de custos, corte de despesas desnecessárias, zero propina. Chega de mimimi. Apenas espere e assista."

O contexto da publicação seria as divergências entre a ala econômica do governo Bolsonaro, comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ala política, liderada pelo ministro da Casa Civil e ex-deputado federal, Onyx Lorenzoni. A publicação de Rosangela foi apagada das redes sociais.

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