Cidadã baiana: "A Bahia é o símbolo da nossa diversidade cultural e tem a representação da alma brasileira" (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2016 às 17h57.
Ao receber o título de cidadã baiana hoje (16), em Salvador, a presidenta afastada Dilma Rousseff defendeu seu mandato mais uma vez e criticou ações do presidente interino Michel Temer. Dilma também alegou ser “vítima de um golpe”.
“Ontem, enviaram ao Congresso a redução dos gastos em saúde e educação. Sabemos que eles [governo interino] estão desmontando as conquistas que fizemos. Por isso, junto com o fato que tentam esconder que deram o golpe, eles sabem que nosso povo jamais aprovaria a extinção de ministérios como o das mulheres, dos negros e dos direitos humanos”, disse a presidenta afastada.
A cerimônia de entrega do título ocorreu na Assembleia Legislativa da Bahia, onde se reuniram políticos, apoiadores, sindicalistas e movimentos sociais, que prestaram apoio à Dilma Rousseff.
O título de cidadã baiana foi uma proposta feita pelo deputado estadual Rosenberg Pinto (PT), como forma de agradecer por ações e programas de governo que, segundo ele, “beneficiaram o povo baiano e toda a Região Nordeste”.
“Receber o título de cidadã baiana, para mim, é uma honra e me sinto muito orgulhosa. Porque a Bahia é onde nasceu o Brasil. A Bahia é o símbolo da nossa diversidade cultural e tem a representação da alma brasileira. Eu sempre digo ao meu amigo Jaques Wagner, que toda vez que venho à Bahia é algo que me alegra muito, porque eu sempre levei comigo, da Bahia, uma imensa energia positiva, uma imensa força de vida”, afirmou Dilma.
Após a entrega oficial do título de cidadã baiana, a presidenta afastada seguiu para a parte externa da Câmara Legislativa, onde participou de ato público, acompanhada do ex-ministro, Jaques Wagner, e do governador da Bahia, Rui Costa.
Após discurso do governador, Dilma disse que as ações do governo Temer não seriam votadas pela população, caso o presidente interino propusesse em programas de governo a “retirada de direitos”. Para Dilma, o atual governo “não venceria nas urnas”.
Ainda no ato público, a presidenta afastada foi recebida por mulheres que prestaram homenagens levando flores, balões, cartazes e gritaram palavras como “Volta, querida”.
Na presença do público majoritariamente feminino, Dilma falou sobre a força da mulher e atribuiu o impeachment a diversas motivações, dentre elas, “o machismo”.
“Tem um componente machista sim, esse golpe. Esse componente não pode servir simplesmente como uma questão contra as mulheres da população do país. Esse componente é o uso indevido de várias características das mulheres contra as mulheres. Ou ela é nervosa, ou dura. Ou é irritada ou boazinha. Essas visões da mulher, que tentaram e tentam jogar pra mim, nós todas devemos rejeitar. Nós não somos uma coisa só; nós somos várias coisas. Cada uma de nós sabe como é difícil atingir, na vida, um patamar no seu trabalho e ser reconhecida na família. Eles acham que mulher é coitadinha. Mulher não é coitadinha”, disse, sob aplausos.
Dilma recebeu uma camiseta da Marcha Mundial das Mulheres, da estudante Liliane de Oliveira, e um convite do governador da Bahia, Rui Costa, para que volte à capital baiana em julho para participar de ato público nas ruas da cidade.