Olavo de Carvalho: em seis minutos, ele diz que considera Bolsonaro "um mártir" e criticou o núcleo militar do governo (YouTube/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de abril de 2019 às 12h43.
Última atualização em 22 de abril de 2019 às 14h56.
São Paulo — O governo de Jair Bolsonaro causou um novo mal-estar entre a ala dos militares. Neste fim de semana, um vídeo do escritor Olavo de Carvalho criticando o grupo foi divulgado no canal oficial do presidente no YouTube. Depois, a gravação foi republicada por seu filho Carlos Bolsonaro e, horas depois, deletada.
O vídeo, que ficou no ar por cerca de 20 horas e teve quase 100 mil visualizações, não está mais disponível. O registro da gravação foi feito pelo jornal Folha de S.Paulo.
Em seis minutos, Olavo diz que considera o presidente "um mártir" e criticou o núcleo militar do governo. "Qual a última contribuição das escolas militares à alta cultura nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então, foi só cabelo pintado e voz impostada. E cagada, cagada. Esse pessoal subiu ao poder, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas, daí os comunistas tomaram o poder. E eles vêm dizer: 'nós livramos o Brasil do comunismo'. Não, nós entregamos o País ao comunismo. Se tivessem vergonha na cara, confessariam o seu erro. Mas é só vaidade", afirma.
Olavo de Carvalho diz, ainda, que os militares precisam corrigir os próprios erros para depois tentar arrumar o dos outros. Em outro trecho do vídeo, fala que o discurso de que as Forças Armadas livraram o Brasil do comunismo é "conversa mole".
Algumas horas depois de apagar o vídeo, o vereador carioca Carlos Bolsonaro escreveu um tuíte dando a entender que começaria uma "nova fase" da vida. Não fica claro, no entanto, se há alguma relação com a publicação do vídeo.
Começo uma nova fase em minha vida. Longe de todos que de perto nada fazem a não ser para si mesmos. O que me importou jamais foi o poder. Quem sou eu neste monte de gente estrelada?
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) April 22, 2019
Em março deste ano, Olavo de Carvalho chamou o vice-presidente Hamilton Mourão de "um cara idiota". "O presidente viaja e qual a primeira coisa que ele faz? Viaja a São Paulo para um encontro político com João Doria. Esse cara não tem ideia do que é vice-presidência. Durante a viagem, ele tem que ficar em Brasília", afirmou Olavo.
Ele disse que Mourão, desde a posse, mudou de lado e é "pró-aborto, pró-desarmamento e pró-Nicolás Maduro".
Segundo ele, o presidente estaria de "mãos atadas". "Ele não reage porque aquele bando de milico que o cerca é tudo um bando de cagão, que tem medo da mídia".
Dias depois, Mourão, em jantar em São Paulo, mandou um recado ao escritor. Da próxima vez que disser algo ofensivo contra sua pessoa, "terá que se haver com a Justiça".
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, também foi alvo de Olavo. Em abril, o escritor afirmou que Santos Cruz nunca fez nada contra a "hegemonia comunopetista".
"Nada. Nada, nunca. Ele ganhou seu emprego por meio de uma luta à qual não deu a menor contribuição. Esse homem não sabe de onde veio nem para onde vai", afirmou. .
No início de março, Olavo de Carvalho fez uma publicação pedindo que seus alunos abandonassem o governo e teceu novas críticas aos militares.
"O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles. Não quero ver meus alunos tendo suas vidas destruídas no esforço vão de ajudar militares acovardados cujo maior sonho é 'tucanizar' o governo para agradar à mídia."