O juiz Sérgio Moro: Abin afirmou que não realiza açõse que "envolvam qualquer tipo de investigação ou monitoramento" de agentes da Lava Jato. (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2016 às 22h42.
Brasília - A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) reagiu a notícias de que estaria monitorando o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
"A ABIN esclarece, em resposta a rumores veiculados na imprensa e nas redes sociais, que não tem nenhum tipo de envolvimento ou participação nas investigações realizadas pela Operação Lava Jato", afirma a Agência, em nota oficial.
"A ABIN não possui a prerrogativa de interceptação das comunicações e não realizou - nem realizará - ações de Inteligência de qualquer natureza, sob qualquer pretexto, que tenham por objetivo influenciar ou prejudicar o andamento da operação, ou que envolvam qualquer tipo de investigação ou monitoramento dos acusados, órgãos públicos ou seus agentes", prossegue a nota.
Segundo notícias veiculadas em alguns órgãos de imprensa e nas redes sociais, a Agência estaria monitorando o juiz Sérgio Moro e o Palácio do Planalto teria sido informado da sua intenção de deter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As notícias justificavam ainda que por este fato, a presidente Dilma Rousseff teria se apressado em nomeá-lo ministro da Casa Civil.
Com a nomeação, em Diário Oficial extra, na quinta-feira, Lula conquistou o foro privilegiado e qualquer ação contra a sua pessoa só poderia ser adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais por Moro.
A Associação dos Oficiais de Inteligência (AOFI) também divulgou nota intitulada "o papel da inteligência". Nela, a AOFI defende a necessidade de serem feitas "leis que estabeleçam de modo claro as atribuições e limites da atividade de Inteligência, e que orientem as áreas específicas a serem cobertas pela Inteligência de Estado".
Depois de reiterar "o compromisso dos Oficiais de Inteligência com sua carreira, que é apartidária", acrescentando que seu pessoal "está sempre a serviço do Estado e da Sociedade brasileiros", a Associação pede que a Comissão de Controle de Atividade de Inteligência CCAI do Congresso Nacional, "atue de forma mais próxima da Abin".
Segundo a nota, "se pairam quaisquer dúvidas sobre a retidão, competência e eficiência da Inteligência de Estado, busquem-se explicações, questione-se ou substitua-se o senhor Wilson Roberto Trezza, que já está há 8 anos como Diretor Geral da Abin".
Na mesma nota, a Associação dos Oficiais de Inteligência "felicita os deputados Heráclito Fortes e José Aleluia por seu compromisso em elucidar os fatos e questionar o papel da Abin".
Para a entidade, esta "será a oportunidade de abrir uma necessária discussão acerca da atuação do órgão", lembrando que "esta discussão garante que a atuação da Agência seja legítima e democrática" e acentuando que "o Estado não pode se omitir em orientar qual deve ser o papel de sua Inteligência".